A era de ouro dos RPGs clássicos ocorreu durante as décadas de 1980 e 1990, com o nascimento de grandes séries aclamadas, tal como Dragon Quest e Final Fantasy, que trouxeram excelentes experiências para o gênero. Quem aí não lembra de passar horas em combates aleatórios para conseguir mais experiência, upar seus atributos e partir para derrotar aquele chefe bem forte que parecia invencível? É revisitando esse sentimento de nostalgia que eu começo esse review de Bravely Default II, um título que faz jus a esse sentimento, mas com novidades que valem a pena serem exploradas. Então upe seu protagonista, vença essa batalha em turnos e me acompanhe nessa análise! Ah, não esqueça de conferir nossa gameplay para tirar suas próprias conclusões, está muito boa (Sem comentários).
Um novo mundo ao horizonte?
Quem é veterano na franquia Bravely Default, que já conta com três títulos principais, notará que logo após o início das cenas iniciais somos apresentados há um mundo diferente dos anteriores: O continente de Excillant. Aparentemente sem alguma ligação com os dos jogos predecessores. Temos acesso apenas a praia, um campo gramado e a cidade de Halcyonia, onde o início da História se desenrola.
Apesar de ser um mundo diferente, quem jogou os títulos anteriores se sentirá em casa, pois as semelhanças são bem evidentes. Em quase todas as áreas há baús escondidos, com itens que serão úteis durante sua jornada, garantindo alguma recompensa pela exploração. Se você é curioso e gosta de verificar cada local do mapa, irá se ocupar bastante para abrir todos os baús, o que já garante algumas horas a mais de jogatina.
É no campo aberto e nas masmorras onde encontramos os monstros para batalhar. Diferente dos RPGs clássicos citados anteriormente, aqui não acontecem encontros aleatórios, e sim planejados. Monstros estarão visíveis no mapa e você decide se foge ou se luta. Aqui surge uma mecânica de batalha interessante, pois se você realizar o encontro pela parte de trás do monstro, a vantagem será do seu grupo e vocês começarão atacando, mas se o monstro te ver e te perseguir, poderá te atacar pela retaguarda. Nesse casso a vantagem será dele.
Batalhas clássicas, com aquele toque inovador
Este talvez seja o ponto mais controverso desse RPG. As mecânicas de batalhas são o que dão nome a série, pois seu funcionamento é baseado em dois conceitos, aqui chamados de Brave e Default, duas mecânicas muito interessantes. Essas mecânicas mudam bastante o estilo clássico de batalhas em turnos e adicionam um quê de estratégia que fará o jogador pensar a cada turno jogado.
Durante as batalhas, cada personagem gasta um BP (Battle Point) para realizar uma ação em seu respectivo turno, e recebe um BP a cada turno que se passa, tornando a soma sempre zero. Recebe um, gasta um. O conceito de Brave é que com esse personagem você pode adiantar alguns turnos a frente, gastando mais BP do que ele possui e por consequência, ficando com BPs negativos, mas com a vantagem de ter realizado várias ações em um único turno, como atacar, usar magias ou itens da bolsa. Após isso, o personagem ficará alguns turnos sem realizar ações, até que seus BPs fiquem acima de zero e ele tenha ao menos um para gastar.
Já a outra mecânica é como se fosse o inverso.
Ao invés de gastar um BP para realizar uma ação, o personagem entra em modo de defesa e, sem realizar ações, acumula seu BP para o seguinte turno, onde poderá realizar mais de uma ação sem ficar com os Battle Points negativos.
Essas duas mecânicas características da série adicionam um nível de estratégia maior às batalhas de turno, tornando-as mais interessantes e fazendo o jogador pensar ao invés de apenas sair pressionando o botão de ataque. Inimigos diferentes irão requerer estratégias diferentes para serem derrotados, principalmente os chefes, que não são nada fáceis.
Somando a essas mecânicas, temos o sistema de Jobs, no qual você irá especializar seus personagens em uma característica, como mago branco, mago negro, soldado, aprendiz, entre outras, e precisará “upar” essa habilidade com o nível do seu personagem, conforme você batalha. Ou seja, além ser necessário upar o nível do personagem para ele ficar mais forte, você também precisará upar o nível do job dele, para conseguir novos ataques especiais e fortalecer os que já possui. Um grupo equilibrado com um personagem de cada job é fortemente recomendado, pois, cada um terá habilidades únicas que irá complementar os companheiros.
Por falar em dificuldade, espere por bastante Grinding para conseguir avançar. Se você gosta dessa característica em RPGs, vai gostar desse ponto em Bravely Default II. É necessário um grande número de batalhas contra inimigos para subir de nível e apesar de poder evitar os monstros, já que estes aparecem em tempo real no cenário, o jogo espera que você os enfrente. A progressão foi pensada na evolução do personagem através do ganho de experiência, e se você fugir, não irá conseguir avançar na História. Até mesmo o modo fácil exige que você lute e ganhe experiência para conseguir derrotar os chefes e os inimigos das próximas áreas.
Visuais Impressionantes, mas às vezes não
Graficamente o jogo é bem trabalhado e possui um estilo artístico bem interessante, trazendo modelos chibi e cenários construídos utilizando texturas que remetem aos visuais clássicos e retrô, lembrando muito os citados RPGs da década de 1990. Apesar de parecerem estranhos no primeiro contato, os personagens chibi acabam por agradar o jogador com seus visuais bem expressivos, característica herdada da cultura japonesa, mas especificamente dos mangás. Embora, em sua maioria serem bem elaborados, em alguns pontos podemos notar uma falta de detalhes e elementos nos cenários, contrastando bastante com o que é visto, por exemplo, nas grandes cidades do jogo, que são repletas de vida, NPCs, cores e objetos.
A variedade de ambientes também é algo que vai agradar aos jogadores. No título, você irá explorar vastos campos gramados, áreas floridas cheias de vida, desertos escaldantes, praias com águas transparentes e muitos outros. Cada uma com uma ambientação bem construída, trazendo monstros em uma grande variedade de tipo e sidequests específicas.
Por falar em sidequest, assim como em todo bom RPG, aqui temos bastante. Espalhadas por todas as cidades, em sua maioria elas servem para que o jogador possa se aprofundar mais na história dos personagens, conhecendo seus antecedentes e suas motivações. Completá-las todas aumentará bastante suas horas de gameplay, além de serem bem divertidas de se cumprir.
História básica, mas funcional
Quem costuma jogar RPGs sempre espera uma história envolvente, com reviravoltas impressionantes e mistérios que aguçam nossa curiosidade em continuar jogando. Se você espera por isso em Bravely Default II, sinto em dizer que a história contada pelo título é bem básica, apenas o suficiente para fazer o jogo se desenrolar. Espere por algo como “os quatro cristais elementais foram furtados e caíram nas mãos erradas, agora o planeta enfrentará catástrofes naturais até que eles sejam devolvidos. Explore o continente e enfrente os que estão com os cristais para recuperá-los e devolvê-los aos seus respectivos lugares, restaurando assim o equilíbrio do mundo.” Não é uma história ruim, pelo contrário, é bem construída e sem pontas soltas, mas se tratando de um título de RPG, os produtores poderiam ter entregado mais. Mesmo assim, as mecânicas de batalha bem construídas acabam por suprir essa pequena deficiência, e você se verá entretido derrotando monstros e upando seus níveis por várias horas.
Gamerdito (Veredito)
Agora que abordamos os principais pontos que constroem a história e mecânicas do título, podemos por finalizar a análise. Bravely Default II divide bastante os jogadores, onde uns amam o título por trazer a de volta os elementos clássicos desse gênero de jogos e aprimorando suas mecânicas, como há também os que não gostam do título exatamente pelo mesmo motivo. Nesse ponto, cabe a você leitor, decidir se vale ou não a pena a aquisição do título. Se você é saudosista da época de ouro dos RPGs, gosta de ficar horas lutando contra monstros para conseguir subir de nível antes de enfrentar aquele chefe apelão, então o título é perfeito para você.
Nota Geral: 8,5
- Lançamento: 26/02/2021
- Plataformas: Nintendo Switch
- Preço sugerido: Comprar
- Classificação indicativa: Para maiores de 12 anos
- Desenvolvimento: Clay Tech Works
- Publicação: Nintendo, Square Enix (jp)
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