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‘Ratched’: As nuances de uma enfermeira – Crítica

'Ratched': As nuances de uma enfermeira - Crítica
Ratched - Sarah Paulson

A 1ª temporada obteve uma mistura de reações por parte do público durante este final de semana de estreia.


Ryan Murphy retorna com sua marca registrada apresentando uma série com muitas cores e também repleta de horrores. Sem mencionar o elenco repleto de estrelas, muitos dos quais são rostos já conhecidos de produções do diretor/produtor.

Inicialmente, notamos que a história não desenvolve bem seus personagens e busca por soluções fáceis, deixando de lado as nuances contraditórias de suas personalidades.

Ao desenvolver uma história a partir do zero, trazendo vida ao passado de uma das vilãs mais icônicas do cinema, a produção ousou, talvez além do que deveria.

Muitas das cenas representadas na série, repleta de horrores característicos de um “Amerian Horror Story” talvez soem repetitivas aos que já estão acostumados a produções de Ryan Murphy. A mistura do glamour com os horrores dos procedimentos para a cura dos “males” considerados graves para a época, poderiam ter menos “gore” e um pouco mais do terror chamado “psicológico” investindo na atuação de atores e atrizes preparados para tal.

Sarah Paulson acertou em cheio em sua interpretação de Ratched. A atriz, conhecida por suas inúmeras parcerias com o diretor/ criador, soube interpretar de maneira contida, uma personagem a qual torcemos a favor e outras, nos sentimos culpados por gostar. Finn Wittrock, interprete do irmão de Ratched, finge uma psicopatia de forma convincente, deixando de ser apenas um belo rosto para se dedicar a uma atuação com a intensidade que merece. Deixo como destaque a conversa entre DR. Havoner, interpretado pelo ótimo Jon Jon Briones, em sua sala, onde Finn adota todos os trejeitos que uma pessoa “mentalmente” perturbada poderia apresentar.

Acostumada aos horrores das séries em que participa, Sarah, desta vez, preferiu atuar de maneira mais contida, sem seus gritos característicos ou olhares aterrorizados. Ratched é a personificação do “anjo da misericórdia”, porém, seus métodos nada convencionais, a igualam a alguns dos pacientes que realmente transgrediram as normas da sociedade.

Os procedimentos utilizados nos pacientes, pautados nas explicações do DR. Havoner, são cruéis. Não é fácil presenciar determinadas cenas e muito menos ter a noção de que tais procedimentos realmente foram utilizados no passado. Tirando os elementos de “gore”, esses momentos se encaixam com perfeição com a dubiedade associada a personagem principal.

Cynthia Nixon, de Sex and The City, famosa como a advogada Miranda, está quase irreconhecível nos momentos iniciais. Ryan optou por abordar o tema da sexualidade da personagem com Ratched, seguindo por um caminho bem arriscado. Segundo o mesmo, a ideia de ter duas atrizes conhecidas no mundo real por seus relacionamentos homossexuais, traria a verdade e intensidade necessária para a atuação e o relacionamento de ambas as personagens. Em alguns momentos esse relacionamento não apresentou a química necessária e soou forçado. Por outro lado, o fato da personagem ser um livro em branco, deu a liberdade necessária para se criarem arcos , algo que compreendo.

Sharon Stone, inciante em sua jornada em séries, atua como uma verdadeira diva do cinema. Porém, sua presença serve apenas de “escala”ou elemento de “ligação para a história”, sendo apagada nos momentos que deveria brilhar. Sharon sabe atuar. Sabe se portar em papéis exóticos. Uma pena.

Todos os elementos que gostamos em uma série de Ryan Murphy estão presentes em Ratched. Repetitivo? Talvez.A série funciona, com a ajuda de Sarah Paulson e sua dedicação evidente a personagem, tornando crível sua história, seus conflitos, sua personalidade. Não espere por um romance repleto de glamour. O belo e o horror podem caminhar juntos. Com pequenos problemas presentes no roteiro, ou falhas na história, Ratched consegue superar e prender até mesmo aqueles que não estão familiarizados com o universo de Ryan Murphy. Permita-se. A viagem será interessante….

Ratched - As nuances de uma enfermeira - Crítica: Ratched consegue superar e prender até mesmo aqueles que não estão familiarizados com o universo de Ryan Murphy. Permita-se. A viagem será interessante.... - Dionata AllgayerDiow
8.5
out of 10.
2020-09-22T15:07:49-0300

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