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Homem-Aranha Através do Aranhaverso (2023) – Crítica Sem Spoilers

A Marvel voltando aos trilhos

Homem-Aranha Através do Aranhaverso crítica análise review
Homem-Aranha Através do Aranhaverso (Divulgação / Marvel Studios)

Em 2018 Phil Lord e Rodney Rothman nos deram um soco no estômago com o filme Homem-Aranha no Aranhaverso. Foi um delírio visual ao mesmo tempo que nos propiciava uma história cheia de ação e emoção, sempre respeitando o conceito original do personagem Miles Morales dos quadrinhos. Merecidamente levou o Oscar de animação, deixando Os Incríveis 2 da Pixar e Detona Ralph 2 da Disney comendo poeira.


Muita teoria pode ser feita a respeito do porquê o primeiro filme fez sucesso. Mas uma coisa é inegável: Miles Morales, o protagonista, já existia nos quadrinhos. E ele é nos quadrinhos exatamente como aparece no filme. Sem mais, nem menos. Esse respeito pelo material original é o grande trunfo. Não importa a cor do personagem, não importa se ele é feio ou bonito. A essência do personagem está presente. A mesma vibe das histórias foram transportadas de uma mídia para outra. E o público agradece. 

Agora, cinco anos depois, Phil Lord juntamente com Christopher Miller e Dave Callaham nos apresentam algo raro: uma continuação à altura do original. E sabendo que o original foi um colírio pros olhos e um frescor narrativo, isso não é pouca coisa. De qualquer forma, é recomendado rever o primeiro antes de ver essa continuação, para poder aproveitar melhor o filme. Até dá para ver esta continuação sem ter o primeiro fresco na cabeça, mas com certeza você irá aproveitar menos a experiência.

Após uns cinco minutos (se tanto) de recapitulação, somos jogados no meio da ação. E ficamos sabendo que alguns meses se passaram desde o último filme. 

O filme transita entre ação, drama, romance… num contínuo que flui bem, como se fosse uma montanha-russa. Somos apresentados a vários personagens. Alguns são pouco mais que easter eggs, outros são mais importantes para a trama. Mas, os principais têm seu espaço garantido, não somente nas cenas de ação.

Gwen Stacy e Miles Morales mostram seus dilemas, suas frustrações… tornando-os mais humanos. Isso faz com que, mesmo que eles possuam super-poderes, nós nos identificamos com eles, torcemos por eles. Cria uma verdadeira conexão. Isso por si só é muito mais do que se possa dizer de todos os filmes da Marvel pós Vingadores Ultimato. E explica em parte o porquê eles tem frustrado o público, enquanto o Homem-Aranha nos deixa com uma sensação boa após sair do cinema.

Assim como o primeiro, o segundo filme honra a assinatura visual da franquia, com muitas cores, muitas técnicas de animação, num caleidoscópio vibrante e caótico. Há cenas belíssimas, e, diferente dos filmes live action de vilões da Sony, ou até mesmo do live action da Pequena Sereia, não há cenas escuras demais que tornam quase impossíveis de entender o que está acontecendo na tela.

Não importa se é uma cena de ação frenética ou uma cena mais focada no drama ou romance, o espectador consegue ver cada detalhe de forma nítida.

Homem-Aranha Através do Aranhaverso – Fazendo cinema

Agora, umas curiosidades de como funciona a indústria do cinema. Esta continuação custou 100 milhões de dólares para ser produzida. Normalmente, um filme precisa faturar no mínimo o dobro do que custou, para empatar os custos totais. Isso porque tem a parte dos cinemas e os custos de marketing, que geralmente custam pelo menos o mesmo que o custo de produção. Assim, se o filme custou 100, é preciso pelo menos 200 para ficar no zero a zero. Daí para frente, começam os lucros. Além disso, normalmente os dois primeiros finais de semana são muito importantes, pois a arrecadação cai muito de semana para semana. Já no primeiro final de semana, Homem-Aranha através do Aranhaverso faturou 208 milhões. É a segunda maior abertura do ano! Muito promissor!

O Homem-Aranha no Aranhaverso, o filme original, faturou 348 milhões, com um custo de produção de 91 milhões. Esta continuação tem tudo para superar e muito, o filme original, em termos de faturamento e lucro. Isso mesmo sabendo que o mês de junho de 2023 está recheado de concorrência, com Transformers 7 – Despertar das Feras, Indiana Jones 5, Flash, Elementos – a nova animação da Pixar, e Ruby Marinho, a concorrente da DreamWorks da Pequena Sereia. Ah, e ainda temos ainda em cartaz Guardiães da Galáxia 3, Velozes e Furiosos 10 e A Pequena Sereia Live Action. 

Esse filme tem um grande defeito: a palavra “Continua” no final.  Em tempos de satisfação instantânea, saber que devemos esperar meses, talvez até anos para ver a conclusão da saga é algo que dói no coração. Ah, não precisam ficar até o final dos letreiros: esse filme não tem cenas pós-créditos.

É possível que, após mais de 20 anos, a era dos filmes de super-heróis esteja no fim, num esperado desgaste da fórmula. Mas mesmo que isso se confirme, seguramente Homem-Aranha através do Aranhaverso rema contra essa maré.

Nota do crítico 4.5/5.

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