Adam Sandler é a estrela de um filme que aposta em comédia barata e preconceituosa
“Se eu dedicasse minha vida inteira aos meus filhos como você fez, eu também teria medo do amanhã”.
Alguém aqui já está cansado/a de ver o Adam Sandler nos filmes de comédia? Bom, aguentem aí porque ele está de volta. Depois de ter participado de comédias como Zerando a Vida e Pixels nos últimos anos, o ator volta com Lá Vem os Pais, filme original da Netflix com direção de Robert Smigel (Hotel Transilvânia, Zohan). Dessa vez, Sandler interpreta um pai de classe média que faz de tudo para que ele, sem ajuda, consiga bancar o casamento de sua filha. Apesar de contar com um elenco forte (Chris Rock, Rachel Dratch, Steve Buscemi), Lá Vem os Pais é um filme fraco e esquecível: seu enredo é pobre e a comédia é ineficaz.
O filme, que conta com o trabalho do próprio Adam Sandler tanto na produção quanto no roteiro, gira em torno da história de Kenny (Adam Sandler) e de Kirby (Chris Rock). Kenny, o pai da noiva, vem de uma família mais simples e bagunçada, porém unida. Kirby, o pai do noivo, é um cardiologista divorciado muito rico e distante de sua família. Quando se trata de casamentos, é tradição que o pai da noiva pague pela cerimônia – e esse pai, em específico, leva isso muito a sério.
Mesmo sem condições de pagar um casamento decente para sua filha e mesmo com os inúmeros pedidos de Kirby para que ele aceite ajuda, Kenny insiste em fazer tudo sozinho. Assim, ele prepara o casamento em um hotel fajuta que sua empresa ajudou a reformar (mas que ainda tem muitos problemas) e recebe vários convidados em sua própria casa para que tenham onde ficar até a realização da cerimônia. Mas isso resulta em uma bagunça constante e incontrolável – e mesmo assim Kirby tenta segurar as pontas sozinho para que tudo se resolva no final.
O enredo de Lá Vem os Pais foi uma escolha duvidosa e não muito criativa de entreter o espectador e, portanto, o filme não consegue cumprir seu objetivo. A bagunça que tem do começo ao final (muita gritaria entre o pai e a mãe da noiva, as amigas da noiva e os familiares do noivo se hospedando na casa de Kirby, cachorros latindo, pessoas roncando alto, hotel caindo aos pedaços etc) é a principal aposta do enredo para trazer comédia, mas só serve para incomodar o espectador e deixa-lo disperso. A grande quantidade de personagens em praticamente todas as cenas faz com que seja difícil se conectar com a história. Os poucos detalhes passam despercebidos e sem importância e o filme não traz nenhuma novidade criativa ao enredo; assim, o filme se torna uma grande enrolação até que finalmente chegue o momento da cerimônia.
Mas a grande falha de Lá Vem os Pais, na verdade, é sua comédia ineficaz. O filme se apropria de piadas baratas e até mesmo ofensivas e usa esse método como mantra. Em grande parte do filme temos uma comédia que gira principalmente em torno de um idoso com deficiência física, além de situações desconfortáveis (que podem incluir até mesmo humor envolvendo cor de pele – algo já muito ultrapassado porque, por questões óbvias, não é engraçado) e personagens “estranhos” que só estão lá como um apelo barato para fazer o espectador rir, como é o caso do gerente do hotel. A comédia em sua essência não é inteligente – é ofensiva, óbvia e vergonhosa.
Apesar das cenas rasas e da comédia barata ao longo do filme, o final de Lá Vem os Pais pode surpreender. A tão esperada realização do casamento é um dos únicos momentos em que o espectador consegue criar alguma conexão com o filme (mais especificamente com o protagonista Kirby). Durante a cerimônia a bagunça continua e atinge seu ápice, mas mesmo assim temos momentos agradáveis e diálogos profundos – mesmo que seja, no geral, decepcionante.
De um jeito ou de outro, Lá Vem os Pais explora sentimentos e situações bem comuns: se você é pai é fácil de se identificar; se você é filho é fácil de compreender. Seja você um pai que dedicou sua vida inteira para estar presente ou seja você um pai ausente que tenta consertar seus erros com dinheiro, a mensagem é clara: é sempre difícil sentir que está perdendo um filho – mesmo que seja simplesmente porque ele está entrando em outra fase da vida.
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Que crítica idiota…affff