Far Cry: Esperanza’s Tears é uma HQ que funciona como uma prequel para os eventos que acontecem no jogo Far Cry 6. A Ableze é responsável pela publicação dos quadrinhos, que contam com Mathieu Mariolle, Afif Khaled e Salaheddine Basti na frente do projeto.
A primeira edição da HQ teve seu lançamento realizado pela Ablaze no dia 12 de outubro de 2022. Os roteiros são de Mathieu Mariolle, enquanto Afif Khaled e Salaheddine Basti cuidam da arte.
A história nos apresentará um dos personagens principais de Far Cry 6, Juan Cortez. Aqui, Juan, aturará num pequeno país da América do Sul, contratado como um guerrilheiro extremamente experiente e capacitado.
No local, há semelhanças com Yara, localidade onde se passa o jogo. As semelhanças passam tanto pela situação governamental que o país enfrenta, quanto pelo impacto dos recursos naturais. Santa Costa, país onde se passa a HQ, passa pelo controle de um regime ditatorial, assim como Yara. Além disso, o país passa pelo impacto que a descoberta de um novo mineral causou em sua economia.
Sinopse
“Para Juan Cortez, a guerrilha é uma profissão, e a morte, um hobby. Ao longo dos anos, ele viajou por países em guerra e zonas de conflito, colocando sua experiência e treinamento a serviço do maior apostador. Desta vez, o destino o levou a Santa Costa, um país sul-americano que curiosamente o lembra de Yara, sua terra natal. Porque aqui, como na ilha de Antón Castillo, a recente descoberta de um recurso raro, um mineral chamado “Tantalum”, perturbou a economia da pequena nação antes ignorada.
Três frentes agora se enfrentam: a junta militar recentemente estabelecida no poder por Di Stefano, o partido burguês liderado pela filha do ex-líder assassinado, e um grupo revolucionário, defensor dos direitos trabalhistas e indígenas. Foi este último, guiado por seu líder Max Purillo, que convocou os talentos de Juan. O que para ele, é uma benção. Uma guerrilha nascente, um período político conturbado, e acima de tudo: dinheiro. Muito dinheiro. Para salvar o país, ele é convidado a desferir um golpe assassinando o general Di Stefano. Mas é claro que nada sairá como planejado… Uma prequel dos eventos de Far Cry 6, esta história em quadrinhos impulsionada por anfetaminas apresenta Juan Cortez, um dos personagens centrais da mais nova edição da série de videogames de sucesso da Ubisoft.”
Desenvolvimento
Á princípio, os quadrinhos já colocam o leitor numa posição que os jogadores de Far Cry estão bastante acostumados: conflitos armados. É tradição da franquia inserir o jogador num contexto político conturbado de algum lugar, e participar da luta.
Levando isso em consideração, sendo um fã de Far Cry, você já se sente em casa. É mais fácil prender o leitor quando se fala sobre um assunto que ele naturalmente já tem interesse.
Este primeiro capítulo, do começo ao fim, deixa claro o quão experiente em guerrilhas é Juan Cortez. Desde sua apresentação, nas primeiras páginas, o guerrilheiro mostra sua capacidade de sobrevivência acima da média.
A introdução da história serve para isso, demonstrar a diferença entre Juan e uma pessoa leiga, ou mesmo um pouco experiente, no que diz respeito a sobreviver, mais especificamente, na participação de guerrilhas.
Logo no começo, nas lembranças de Juan numa localidade que parece ser Yara, o protagonista mostra sua capacidade ao ser atacado por um crocodilo. Ao longo do capítulo, conforme Juan chega a Santa Costa, interage com Esperanza, e vai com ela do aeroporto até o ponto final do trajeto dos dois, ocorrem mais demonstrações disso. Juan parece conhecer mais o lugar onde Esperanza vive do que ela própria.
Em seguida, vem a apresentação do personagem Max Purillo, que mostra o ponto de vista de onde a história será contada. Max apresenta ao leitor, através de sua aula na faculdade, o cenário que se encontra Santa Costa. Ele, no que lhe concerne, já se mostra mais ciente do que ocorre ao seu redor, não só politicamente falando, mas em termos de conflito, diferente de Esperanza.
Entretanto, a história faz questão de mostrar não haver comparação entre Juan Cortez e nenhum outro personagem dali, no que diz respeito a sobrevivência. Embora Max saiba o que está acontecendo, a integridade física de todos depende somente de Juan.
A parte final do capítulo insere Juan Cortez no cenário de Santa Costa, sem deixar de mostrar que ele também fez o dever de casa, e sabe bem onde está se metendo.
Enredo
Acima de tudo, o enredo nos transporta para um cenário familiar. Seja pelo contexto político conturbado, por se tratar de um pequeno país, ou pelo conflito armado eminente. Este fato, por si só, já funciona muito bem para quem espera ler alguma coisa de Far Cry. Além disso, a trama sozinha já demonstra ser interessante, com os três lados tendo muito a perder. Todos, simultaneamente, querem tanto garantir o próprio bem-estar, quanto o desenvolvimento de Santa Costa, da maneira que acreditam que deva ser feito. Mathieu Mariolle certamente jogou muito Far Cry ao longo dos últimos anos, e se ele disser que não, provavelmente é mentira.
Personagens
A trama, até aqui, conta com personagens carismáticos e verossímeis a sua própria maneira, sem forçação de barra. Pode parecer estranho, por exemplo, Juan Cortez aparentar conhecer mais o lugar que Esperanza vive do que ela própria. Entretanto, ela não é uma guerrilheira experiente, muito menos sabe como funcionam esquemas de segurança e rotas de fuga. Nesse contexto, é esperado que Juan saiba, bem mais que ela, como agir, além de conhecer procedimentos padrão de segurança.
Max também se mostra exatamente como deveria ser. Ele, por outro lado, já tem um conhecimento mais aprofundado de como funciona Santa Costa, o lado claro e o lado sombrio. Só que apenas conhecimento histórico e contextual não é suficiente, isso não o capacita a ser um guerrilheiro habilidoso, e ele, de fato, não é. Max não demonstra habilidades legais ao bom estilo Gary Stu “porque sim”, ele faz aquilo que deveria ser capaz fazer, e ponto.
Arte
O trabalho de Afif Khaled e Salaheddine Basti tem bastante consistência. A caracterização de cada personagem é muito bem feita, bem como suas expressões, movimentos e os traços faciais. É fácil distinguir um personagem do outro, sem a necessidade de marcas registradas como roupas ou chapéus para não se confundir. A escolha das cores foi bem feita, com cada etapa do desenvolvimento do capítulo tendo uma predominante, como se as cores sozinhas também contassem uma história.
As cenas de ação não parecem ter sido tiradas de um storyboard do Quentin Tarantino ou coisa assim, mas também não decepcionam. No geral, a arte é bem satisfatória, e apresenta um resultado condizente com o conteúdo da história. Além disso, é natural que no decorrer das publicações, a arte, em sua totalidade, melhore, então provavelmente as próximas edições entreguem mais ainda.
Gamerdito
Far Cry: Esperanza’s Tears, levando a primeira edição em conta, promete agradar a praticamente qualquer um que ler. Se você procura uma história instigante, com ação, tramas políticas e personagens carismáticos, ou só alguma coisa que seja bom de ler, vai encontrar. Por outro lado, se você é um fã da série Far Cry, ou caiu de paraquedas em Far Cry 6 e procura conteúdo adicional do jogo, também não vai se decepcionar. Cenários familiares, personagens interessantes, contextos políticos conturbados, e ação. Basicamente tudo que se encontra num jogo da série, o leitor terá aqui, e como é provavelmente isso que alguém espera de uma HQ de Far Cry, então está aí.
Nota: 8.5
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