Se tem algo que desperta a curiosidade nas pessoas é “o que vem depois da morte?”. Para onde vamos e quando, nunca saberemos até o dia que acontecer. Por enquanto estamos aqui vivendo e jogando, não é mesmo? Mas você pode ter se flagrado pensando alguma vez sobre essa questão, sobre o que vem depois e qual o propósito da vida e da morte. É um tema delicado para alguns, já que o ser humano ainda não suporta a dor da perda, mas devemos nos lembrar que é um fato natural da vida e que devemos respeitar, assim como nossos sentimentos em relação aos nossos entes queridos que partiram. Pode parecer um assunto fúnebre, mas é essa atmosfera que o jogo West of Dead, desenvolvido pela Upstream Arcade e distribuído pela Raw Fury passa ao jogador. “Para onde ir?”, “O que estou fazendo aqui?” e “De onde eu vim?” são perguntas bem comum que você fará durante o tempo em que estiver jogando. A temática do jogo que mistura elementos naturais com misticismo e espiritualidade torna a experiência da gameplay bem profunda. O jogo foi lançado no dia 14 de Novembro de 2019, para Nintendo Switch, Playstation 4, Xbox One e PC.
Enredo
O jogo é um mistério completo. O jogador fará mais perguntas sem respostas do que qualquer outra coisa. Não há explicação de nada, há pouquíssimos diálogos no game e ao falar com algum NPC perceberá um tom enigmático e filosófico, mas não terá detalhes do que é para fazer e como fazer. O game te obriga a seguir em frente e explorar o ambiente, enfrentando os inimigos para avançar os níveis. Não encontrei missões e nem outros NPCs além da Bruxa e o taverneiro. O personagem tem alguns monólogos em determinados momentos, citando algumas coisas que levam à reflexão sobre o que está acontecendo e o que ele está fazendo ali. Nem ele sabe e muito menos o jogador e esse é o clima que o jogo passa, reflexão, autoconhecimento, filosofia, tudo baseado numa única coisa: a morte.
Ambientação e gameplay
O jogo possui um estilo roguelike e tem um ambiente que retrata o Velho-Oeste. Há um arsenal disponível no mapa que varia entre revólveres, espingardas, escopetas, dinamite, faca, machado e outros, podendo ser equipadas nas duas mãos, ou seja, o jogador pode alternar utilizando dois revólveres nas duas mãos ou, por exemplo, uma espingarda em uma mão para um alcance maior e um revólver na outra para um fogo rápido e lidar com inimigos mais próximos, isso varia com o estilo do jogador e suas preferências. As facas, machados e dinamites funcionam como itens arremessáveis que auxiliam no combate, podendo dar aquele “golpe final” necessário para derrotar um inimigo. Os gráficos lembram desenhos de HQ e o personagem inclusive, parece muito o Motoqueiro-Fastasma, quem conhece irá perceber assim que iniciar o jogo. O cenário é estreito, como uma espécie de mina ou gruta e o mapa não é fixo. Como assim? É agora que o game mostra a sua verdadeira forma. Quando o jogador morre, volta desde o início (uma taverna) e ao voltar ao mapa ficará confuso porque o cenário muda, porém não muda a ponto de você bater o olho e perceber, muda nos detalhes, nos caminhos, o mapa ainda permanece o mesmo mas o seu interior muda, como um labirinto. Sendo assim, não adianta decorar caminhos, pois se você morrer, vai seguir um caminho diferente do anterior, já que o cenário mudou e para piorar, não há checkpoint, ou seja, você pode estar bem avançado e por algum imprevisto, acaba morrendo, o personagem voltará desde a taverna, independente de onde estava. Esse sistema sem checkpoint pode acabar frustrando alguns jogadores e apesar da temática do jogo ser essa, muitos que não conhecem ou não sabem jogar o game, se perderão e ficarão com aquelas dúvidas que citei agora há pouco, como: “Para onde ir?”, “O que estou fazendo aqui?”e “De onde eu vim?”. Pelo menos foi o que mais perguntei durante a minha gameplay. Fiquei perdido várias vezes e não sabia o que fazer, pois o jogo não explica nada, você apenas avança no mapa, mata inimigos e deve encontrar uma espécie de portal para avançar para o nível seguinte.
Motor gráfico, mecânica e afins
A engine utilizada no game é a Unity e a mecânica segue os padrões de um jogo roguelike. Sua jogabilidade é fácil e intuitiva, onde o jogador utilizará mais os gatilhos (L2 e R2, no Playstation) e botões superiores (L1 e R1) durante a gameplay. Por se tratar de um jogo de tiro, é importante usar as coberturas para se proteger do fogo inimigo, mas se levar muito dano, a cobertura será destruída, deixando o personagem exposto. É preciso pensar com calma ao lidar com o combate, pois cada inimigo utiliza formas diferentes de atacar: há aqueles que atiram, outros que avançam e te batem ou mordem, alguns atacam arremessando bombas. Pode parecer simples, mas os combates muitas vezes serão complicados, já que o ambiente é estreito e entrar numa sala lotada de inimigos e tentar sair atirando em tudo e todos no “estilo Rambo” não é uma boa ideia. É preciso avançar com cautela e eliminar os inimigos um a um antes que te encurralem. Usar as coberturas é essencial para sobreviver e lidar com inimigos. O jogador pode utilizar alguns elementos para auxiliar no combate, como os lampiões. Ao acender um lampião, gera o efeito de “atordoamento” nos inimigos, permitindo atacá-los ou fugir em determinados momentos. As armas encontradas pelo cenário possuem nível e quanto maior o nível mais dano e eficiência a arma terá.
Sistema de Evolução
O personagem encontrará pelo mapa alguns altares com uma caveira brilhante e ao coletar, poderá escolher uma melhoria, baseado em: Fortitude, que aumenta a vida máxima e o dano corpo-a-corpo; Percepção, que aumenta o dano de armas de fogo e Engenhosidade, que aumenta o dano de habilidades e a velocidade de recarga dos itens. Você pode escolher baseado no seu estilo de jogo, podendo deixar seu personagem mais resistente e ‘tank’ ou mais letal e com dano elevado. Ao passar de nível, há um pequeno trecho entre um nível e outro. Nesse trecho você encontra a “Bruxa” e com ela, você “paga seus pecados”. Os pecados são esferas brancas que os inimigos deixam cair ao serem derrotados, ao acumular essas esferas, você poderá usá-las como moeda de troca para aumentar seus atributos, como por exemplo quantas doses de cantil você poderá carregar durante a sua aventura. Enquanto você não pagar seus pecados, não poderá avançar para o próximo nível. Após falar com a bruxa, na próxima sala há um taverneiro que permite você encher o seu cantil de vida completamente, para poder avançar no jogo.
Trilha Sonora
A trilha sonora do game é muito empolgante, com uma pegada velho-oeste. Não é um jogo de cowboy a la Red Dead Redemption ou Gun, mas o seu cenário e ambientação e a trilha sonora representam fielmente essa era. Ao passar horas jogando, o cenário apertado e escuro geram um sentimento de desconforto, mas logo passa com a trilha sonora bem elaborada, alegrando um pouco o ar sombrio e misterioso do game. É como se fosse a cereja do bolo, complementando sua beleza e tornando-o imersivo.
Gamerdito
Quando joguei a primeira vez, achei uma experiência diferente e bacana. A mudança que ocorre no cenário após a morte do personagem, obrigando o jogador a seguir outros caminhos para encontrar a saída daquele nível é uma proposta diferente em um jogo. A questão filosófica que o jogo traz é sensacional e leva os jogadores a não só experimentarem a diversão de jogar mas também a refletir sobre a morte e seus mistérios. Para quem gosta de games no estilo roguelike, poderá se surpreender com o jogo. Mas por mais que o tema seja baseado na morte, morrer será umas das coisas que o jogador pode não achar muito conveniente, afinal ficar voltando desde o início e seguir caminhos diferentes pode não ser tão bom assim na visão de alguns. Para aqueles que buscam uma diversão e ação e direta, onde seguirá eliminando inimigos para avançar ao próximo nível, West of Dead é um bom título. Lembre-se que a questão mais importante do jogo a partir do momento em que seu personagem morre é “O que virá após a morte?”.
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