Call of Duty: Black Ops 6 retorna à década de 1990, trazendo personagens icônicos da franquia, como Frank Woods, Russell Adler, apresentando um novo protagonista, Case, que adiciona uma dinâmica interessante, mas questionável, ao não ter voz. Essa análise visa trazer os pontos que podem agradar os veteranos e também atiçar toda curiosidade dos novos jogadores.
Contexto da Campanha e Personagens
A narrativa se desenrola pós-Guerra Fria, expandindo o cenário da série. A volta de personagens clássicos é bem-vinda; Woods, por exemplo, que conquistou fãs como um dos mais marcantes da série, está de volta, agora como uma espécie de mentor. Também temos citações ao filho de Alex Mason e a introdução de novos personagens, como Sevati ‘Sev’ Dumas, Troy Marshall, que assume papel central, trazendo novas camadas ao enredo. Mesmo Case sendo o protagonista do jogo, mas percebemos que ele é, na verdade, um coadjuvante.
Para quem já acompanha a franquia, a história em Black Ops 6 é familiar. Há a conhecida inversão de vilões e heróis, com traidores e mudanças de lados em momentos críticos. Embora a trama seja previsível, o jogo procura adicionar mais profundidade com cenas complexas e revelações estratégicas, que misturam espionagem e traições. Conhecemos Jane Harrow uma agente de alto escalão da CIA, que terá grande importância no desenrolar da trama.
Experiência de Jogo: Elementos de RPG e Melhorias
Este novo título incorpora algumas mecânicas inspiradas em RPG, como escolhas de diálogo e personalização de armas e habilidades. Contudo, essas opções de diálogo, ainda que tragam uma certa personalização, acabam não alterando muito o curso do jogo. As interações mudam um detalhe ou outro, mas no geral, não têm impacto duradouro na narrativa.
Outros aprimoramentos incluem a capacidade de recarregar alguns itens com uma mão só, além de uma mira mais ajustada e ações de combate mais ágeis. Esses pequenos ajustes tornam o jogo mais dinâmico, mas não mudam a experiência do jogador. A introdução de puzzles leves também oferece uma pausa entre as missões de combate; o jogador deve descobrir senhas e hackear sistemas, e, embora intrigante, a dificuldade desses quebra-cabeças é baixa, o que pode frustrar jogadores que esperavam mais desafio.
Dinâmica de Combate e Estrutura das Missões
As missões foram bem projetadas para incluir uma variedade de estilos. Por exemplo, a fase no Iraque é um dos pontos altos da campanha, oferecendo mapas mais amplos e um desafio estratégico de sabotagem. Essa fase introduz uma liberdade interessante, incentivando o jogador a explorar, planejar e executar táticas de infiltração.
Ainda que Black Ops 6 se inspire em jogos táticos como The Division e Rainbow Six Siege, há uma simplificação na abordagem. Soldados de elite e chefes da facção inimiga Panteão exigem o uso estratégico de armas específicas, mas a execução é básica, sem trazer uma inovação marcante. A sensação é de que o jogo tenta simular a complexidade de jogos táticos como Metal Gear Solid, mas acaba se mantendo dentro da simplicidade esperada em um FPS.
O dash de corrida, com ação Omnimovement que permite movimentos rápidos e esquivas ágeis, é uma das melhorias bem-vindas. Ele adiciona fluidez e oferece a possibilidade de surpreender inimigos, tornando o combate imersivo mesmo que fora da realidade da física. Outra inovação que vale destacar é a missão com elementos de stealth, onde o jogador deve se infiltrar em uma base. Embora a execução da furtividade seja um pouco inconsistente, a missão em si adiciona variedade ao jogo.
Sobre os protagonistas e coadjuvante
O protagonista Case em Call of Duty: Black Ops 6 até se comunica, mas suas falas são apenas legendas, sem áudio real, o que pode gerar desconforto para muitos jogadores. Esse estilo, em que os NPCs respondem como se falassem por ele — semelhante à dinâmica entre Han Solo e Chewbacca em Star Wars — acaba quebrando a sensação profunda. Para quem acompanha a franquia, essa escolha pode parecer desajeitada e frustrante, tornando o personagem distante e menos impactante nas interações do jogo.
Marshall se destaca por sua consciência de que o enredo gira em torno de suas ações e interesses pessoais. Quando uma reviravolta ocorre, ele se dá conta de sua falta de experiência e de como todos são capazes de mudar suas atitudes e escolhas, afetando assim os rumos do mundo.
Já Sev é uma versão feminina de James Bond; quase sempre, ela é encarregada de infiltrar-se em locais estratégicos para abrir caminho nas missões. Em especial, a missão em que precisamos nos infiltrar em uma base inimiga é um dos pontos altos. Confesso que foi uma das minhas favoritas ao longo de todo o jogo.
Enquanto isso, Felix Neumann desempenha um papel semelhante ao de Julian Assange do WikiLeaks. Através de seus diálogos, ele busca trazer uma reflexão sobre a moralidade no mundo atual, promovendo a ideia de que a violência já não é a solução para os problemas que enfrentamos. Apesar de algumas falas soarem clichês, Felix é um personagem carismático que cativa ao longo da nossa jornada na trama.
Na época em que o jogo se passa, Saddam Hussein estava em evidência, e o então governador Bill Clinton também aparecia entre as figuras de destaque. Mais tarde, Clinton chegaria à presidência dos Estados Unidos como o 42º presidente americano. No jogo, ambos têm aparições indiretas: Saddam é visto apenas em fotos e estátuas, enquanto Clinton aparece discursando em um púlpito em uma das missões, mas nenhum deles interage diretamente com nossos personagens ou NPCs aliados.
Modo Zumbi e Exploração do Ambiente
A campanha inclui uma seção em um laboratório que mistura a narrativa clássica com a temática zumbi, um recurso popular entre os fãs da série Black Ops. Nesse ambiente, o jogador precisa resolver enigmas e enfrentar subchefes, que aumentam o suspense e criam uma experiência de combate diferente. Esse trecho do jogo se distancia dos combates com soldados, criando uma atmosfera de terror e tensão. Embora fora do padrão da série, essa abordagem proporciona uma experiência positiva, que intensifica a trama. A seguir, adiciono um vídeo mostrando um pouco da exploração na missão em que vasculhamos o laboratório.
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A exploração de cenários, como em casas e bases militares, também adiciona um toque investigativo à campanha. Nessas áreas, o jogador deve decifrar códigos e acessar arquivos confidenciais, que ajudam a revelar informações importantes sobre a história. A tradução de elementos do jogo para o português, como os códigos, é um ponto positivo que facilita o entendimento, especialmente para o público brasileiro.
Aspectos Técnicos: Gráficos e Trilha Sonora
Black Ops 6 entrega uma experiência visual e sonora de alto nível. A trilha sonora, composta por nomes como Jack Wall, é imersiva e adequada, elevando a tensão e a atmosfera de cada missão. A qualidade da música e dos efeitos sonoros torna a ambientação mais realista e envolvente, sendo um dos destaques técnicos do jogo. Elaborei uma análise dessa trilha sonora exibindo sua sonoridade intensa, aqui.
Os gráficos são bem detalhados e consistentes, com animações e cenários realistas que ajudam a inserir o jogador no universo do jogo. No entanto, embora o visual seja excelente, ele não traz uma inovação tecnológica notável em comparação a títulos anteriores da série.
Uma observação é a presença excessiva de “irmãos gêmeos” entre os NPCs: em ambientes com menos de 20 personagens, é comum ver modelos repetidos, com apenas pequenas variações de roupa. Isso dá uma impressão de descuido e falta de capricho. Para os jogos atuais, essa repetição é frustrante, pois personagens duplicados já eram visivelmente comuns em jogos dos anos 2000. Estamos falando de uma diferença de 24 anos, e essa prática ainda é um problema evidente.
Porém, mesmo que a franquia tenha mantido uma linha de roteiro mais linear, outro ponto fraco é a falta de cenários destrutíveis. É perceptível que granadas, morteiros ou outros explosivos não causam impacto em áreas onde claramente deveriam causar destruição. Espero que, no futuro, os cenários se tornem mais realistas, permitindo que tudo seja destruído ou interativo, aumentando a imersão no jogo.
Multijogador e Modo Cooperativo
O modo multiplayer de Black Ops 6 continua intenso e dinâmico. A ação frenética e as partidas rápidas mantêm o estilo que os fãs esperam. Além disso, o modo zumbi permite que até quatro jogadores enfrentem hordas em equipe, criando uma experiência cooperativa que aumenta a diversão e o desafio. A combinação do modo zumbi com o multiplayer faz com que o jogo se destaque entre as opções de entretenimento para partidas online.
Gamerdito (Conclusão e Avaliação)
Call of Duty: Black Ops 6 consegue oferecer boas horas de entretenimento, especialmente para os fãs de longa data da franquia. Com a inclusão de novos personagens, uma campanha expandida e elementos de jogabilidade aprimorados, o jogo se posiciona como uma adição interessante à série, ainda que com algumas limitações em inovação.
Por fim, sabemos que a narrativa segue fórmulas já conhecidas, os elementos táticos e a inclusão de mecânicas de RPG contribuem para uma experiência mais rica e diversificada. O jogo mantém seu apelo para os fãs de FPS e proporciona uma campanha instigante, com momentos de nostalgia e uma imersão sonora excelente. Dito isso, a falta de grandes reviravoltas e inovações pode desagradar alguns jogadores. Um dos trechos mais agradáveis do jogo é a cena final que nos entregam novas possibilidades para franquia Black Ops.
Prós:
- Personagens clássicos e nostálgicos
- Trilha sonora imersiva
- Modo zumbi cooperativo bem-executado
- Melhorias no combate e nas opções de diálogo
Contras:
- Narrativa previsível
- Inovações limitadas e falta de desafio em alguns puzzles
- Jogabilidade tática poderia ser mais aprofundada
Agradeço à Activision Blizzard e sua assessoria pela chave de acesso ao jogo Call of Duty: Black Ops 6, para PC Windows na plataforma Steam. Espero que nossa review auxilie os leitores a decidir se o jogo vale a pena. O título foi originalmente publicado em 25 de outubro de 2024 para, PS5, PS5, Xbox One, Series X|S, além de PC Windows via Steam no Game Pass.