Após inúmeras polêmicas em relação a uma adaptação ou não de Sandman, finalmente temos à Netflix entregando o que o autor Neil Gaiman indica como um formato ideal para sua obra. Sandman chegou, apresentando os conceitos os quais Gaiman costuma brincar , conceitos que envolvem sonhos , desejos, desespero, a morte, o inferno, além dos próprios pesadelos em si. Emoções e temores humanos.
O escolhido para interpretar Morpheus , o ator Tom Sturridge apresenta aspectos físicos e um tom de voz profundo. Morpheus não demonstra emoções e o tom adaptado para a tela, tenta conter quaisquer tipos de emoções em sua voz. Conseguiremos criar um vínculo emocional com um personagem tão frio e desafiador? Veremos a seguir…
Morpheus ficou preso durante um longo período, capturado por Roderick Burgess. Durante sua ausência, O Sonhar desmoronou e Morpheus observou atentamente, ano após ano, como os “humanos” comportam-se e do que são capazes. Agora, retornando para seu reino, preocupa-se em restaurar a ordem e ter o controle de tudo.
A Obra de Neil Gaiman
Ao se libertar, Morpheus encontra-se incompleto, sem seus artefatos principais, parte de sua essência. Começamos assim, nossa jornada. A adaptação é sombria e ousada, buscando um tom de fidelidade ao trabalho apresentado no Graphic Novel de Gaiman.
A obra de Gaiman não é de fácil adaptação. O mundo tem uma vastidão, com elementos de eras literais e feitos de emoções humanas. É um universo ambicioso, até mesmo para o mais criativo dos roteiristas.
Na série, encaramos temas que não vemos de forma frequente nos quadrinhos. Sandman engloba mudança, crescimento, o poder de transmitir a história, possíveis heróis e possíveis vilões podem se misturar, trazendo um certo “colorido” ao que achamos ser certo ou errado.
Qual a melhor forma de entregar algo ao público sem modificar a essência do quadrinho? Gaiman, que participou do projeto de perto, juntamente com a equipe criativa, efetuaram poucas mudanças na adaptação. Temos o tom imaginativo, maravilhoso e às vezes aterrorizante do Graphic Novel.
Sim, a série tem um tom sombrio, mesmo com elementos cômicos. Não se engane. Sandman tem uma ligação profunda com o gênero do horror, com detalhes vívidos e muitas vezes, grotescos.
Para aqueles que nunca leram um quadrinho sequer de Sandman, você não ficará perdido. A série tenta, de forma clara, explicar elementos que poderiam ser complexos dentro dos quadrinhos e sua mitologia. O que é necessário compreender, está na tela. Os habitantes de sonhar, são criados para parecerem críveis, e a escolha dos atores, foi acertada.
O Morpheus de Tom Sturridge e seus companheiros
Sturridge certamente realizou seu papel mais desafiador, interpretando Sonho. Ele entrou no papel e hoje conseguimos observar Sandman sendo Sturridge, o espelho de sua imagem. Sandman é melancólico, depressivo, tenta entender certas emoções, quando acha que deve. O ator se move como Sonho, fala como Sonho, simplesmente, é Morpheus.
Morpheus , lida com um dos principais vilões da série, um pesadelo que não segue ordens chamado Coríntio, brilhantemente interpretado por Boyd Holdbrook. O ator entrega a arrogância que lhe é necessária, diverte-se como o vilão. Deseja ser algo além, não um simples pesadelo. Ele é amado por assassinos em série, possui características físicas assustadoras, como dentes no lugar de olhos, que mantém escondido atrás de óculos escuros. Exala uma ameaça estranhamente sedutora.
Jenna Coleman, participando brevemente, onde observamos uma Constantine problemática, que não tenta tropeçar no forte apelo comercial da série, soando única. Em pouco momento em tela, demonstra sua força. A falta do “Constantine” original, certamente será bem preenchida. Ela é essencialmente John Constantine, mesquinha e brincalhona.
Lúcifer
Outro destaque, Gwendoline Christie. Sua escolha foi envolta em polêmicas, principalmente por ser uma mulher e não um ator andrógeno como Desejo. Lúcifer de Gwendoline não merece um revirar de olhos. Ela entrega o tom de ameaça que o personagem deveria entregar. Ela desarma com sua sutileza. É um diabo assustador.
Infelizmente, nem tudo funciona na série. Por exemplo, nos quadrinhos , a história ganhavida através da arte, com um toque artístico característico a obra. Acima de tudo, a natureza de Sonhar é efêmera, e dependendo do artista que ilustrava as obras de Gaiman, tínhamos um vislumbre sobre como seria um Morpheus diferente.
Na série, claro, temos um tom mais uniforme, coerente para facilitar a compreensão do público. Muitas cenas são comuns, mesmo com toques sobrenaturais. O estilo escolhido para Sonhar não é ruim, mas poderia ser melhor.
Em outras palavras, Sandman é uma série sobre fantasia para adultos, comercialmente voltada para um público mais limitado, diria, até mesmo, adolescente.
Sandman – Limite-se a sonhar
Temos uma obra que deveria decidir se agrada aos fãs fiéis ou se preocupa com o público que ficará sem entender o conteúdo apresentado. Ao mesmo tempo , na primeira metade da temporada, somos privados da ação para entender o conteúdo da mitologia, simplificando pedaços densos de uma construção de mundo que englobam magia e misticismo, inerentes a história.
Além disso, pontos inteiros da trama e conceitos são encobertos sem nem olhar para trás, a partir da segunda metade da temporada, esperando que nós, espectadores, possamos preencher lacunas ou já saibamos o suficiente para dar alguns passos ousados em nossa compreensão.
Em primeiro lugar, visualmente, Sandman poderia ser mais consistente, com cenários práticos para incluírem alguns efeitos visuais e mais da metade da série recorrendo ao CGI. Em segundo lugar, a estética geral da série não chega a ser um vislumbre aos olhos, principalmente as sequências de sonhos, como deveriam. Acima de tudo, o resultado final é mediano.
Sandman Crítica Final
Sandman não é coerente em sua 1ª temporada, porém envolve ganchos aceitáveis, um elenco com atuações dignas de destaque e pode ser o melhor resultado possível, após longos anos de espera. Fãs dos quadrinhos felizes com a adrenalina e a hype em alta. Para todos, pobres mortais que nunca leram Sandman na vida, a obra exibida pela Netflix pode soar como uma bagunça desconexa, como um filme gótico em meado dos anos 90. Realiza o sonho dos fãs, mas deixa o público recente ,sem a permissão de sonhar…
Elenco Sandman
Os destaques ficam para Tom Sturridge como o protagonista Sonho/Morpheus e Gwendoline Christie, a Brienne de Game of Thrones, como Lucifer. Também vale ressaltar as participações de Kirby Howell-Baptiste como Morte e Jenna Coleman como Johanna Constantine.
Trailer Sandman
Caso tenha perdido, confira o trailer de Sandman Netflix:
Por fim, Sandman já está disponível através da Netflix.
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