Round 6 retorna com sua segunda temporada, estreada em 26 de dezembro de 2024 na Netflix. Dividida em sete episódios, a nova fase busca expandir o universo sombrio dos jogos mortais e promete um desfecho na temporada final prevista para 2025. Desta vez, Seong Gi-hun (interpretado por Lee Jung-jae), o jogador 456, retorna determinado a destruir o jogo que transformou tantas pessoas em vítimas do desespero. Confira a seguir nossa crítica da segunda temporada de Round 6.
Nesta temporada, Round 6 retoma a brutalidade dos jogos, trazendo novas dinâmicas e velhos dilemas, mas sem perder o tom que marcou o sucesso da série.
Gi-hun: Um Retorno Cheio de Contradições
Depois de tudo que enfrentou na primeira temporada, Gi-hun deveria ser o protagonista com uma visão mais clara e estratégica para encarar o inimigo. Porém, o roteiro coloca o personagem em situações que parecem ignorar o que ele já aprendeu, fazendo com que cometa erros que não condizem com sua experiência. Isso enfraquece sua trajetória e pode causar estranheza para quem acompanhou sua evolução inicial.
Por outro lado, sua missão de derrubar o sistema dos jogos continua a ser um ponto central, e a narrativa tenta mostrar os desafios de alguém enfrentando uma organização poderosa. Para isso, há mudanças no formato das competições: agora, os participantes têm a possibilidade de votar se continuam ou não no jogo ao final de cada rodada. Essa escolha, embora pareça dar mais liberdade aos jogadores, não muda o desfecho previsível: o jogo segue seu curso de maneira implacável.
O Que Mudou e O Que Se Repetiu
A série traz de volta algumas das gincanas mais marcantes da temporada anterior, como o famoso “batatinha frita 1, 2, 3”. No entanto, essas provas vêm acompanhadas de pequenas variações que, em alguns momentos, perdem a força do impacto original.
Além disso, os novos jogos, apesar de bem elaborados, nem sempre conseguem surpreender. Uma tentativa de inovação está na maior exposição dos capangas mascarados, que passam a ter suas histórias contadas. Essa decisão, embora interessante para alguns, tira parte do mistério que fazia os antagonistas parecerem mais ameaçadores e imprevisíveis na primeira temporada.
Personagens e Temas Mais Ampliados
A série também investe em novas histórias e explora personagens com perfis variados, como uma senhora que entra no jogo para tentar salvar o filho, viciado em apostas, ou uma jogadora trans com um passado militar. A personagem é interpretada pelo ator sul-coreano Park Sung-hoon, no papel de Cho Hyun-ju. Não há uma abordagem romanceada da personagem, mas sim a demonstração de que, até por motivos fúteis, ela se envolve em um jogo sanguinário para alcançar seus objetivos. Essas adições tornam os conflitos mais diversos, mas nem todas as histórias recebem o desenvolvimento necessário para cativar ou gerar empatia com o público.
Em alguns momentos, certos personagens parecem assumir motivações mais superficiais, como o desejo por cirurgias estéticas ou a busca por uma vida melhor, o que diminui a sensação de desespero que era o foco principal da produção. No entanto, ao abordar temas delicados como aborto, dependência química e preconceito de gênero, a série conseguiu tratar essas questões de forma equilibrada, sem soar forçada ou enviesada. A inclusão desses tópicos foi feita de maneira natural, permitindo que tanto os fãs antigos quanto os novos espectadores compreendam a mensagem transmitida.
Os jogos continuam a fazer uso de brincadeiras infantis, criando o contraste marcante entre nostalgia e violência. Contudo, há um esforço para incluir questões mais delicadas, como aborto e preconceitos, que adicionam tensão ao enredo, mas podem não agradar a todos.
Um ponto que realmente me agradou foi a interpretação de Kang Ae-shim como Jang Geum-ja (Jogadora 149), uma idosa que entra no jogo para tentar ajudar seu filho, Park Yong-sik (Jogador 007), interpretado por Yang Dong-geun. A forma como a série combina a perspectiva de uma pessoa idosa com as realidades e dilemas da nova geração é muito interessante. Vale notar que envelheceram bastante a atriz para o papel, mas isso não comprometeu sua atuação, que se destacou ao transmitir emoções genuínas e convincentes.
Os jovens atores Im Si-wan, como Lee Myung-gi (Jogador 333), e Jo Yu-ri, como Kim Jun-hee (Jogadora 222), entregam performances carismáticas. Myung-gi, no enredo, é retratado como um entusiasta de finanças que ganha a vida como coach, criando conteúdo sobre investimentos em criptomoedas. Parece claro que os produtores buscaram explorar como os jovens, desde cedo, podem ser consumidos pela ganância, apostando tudo para alcançar fortunas rapidamente. Isso frequentemente resulta em dívidas enormes e na destruição de carreiras promissoras. Ao longo dos episódios, fica evidente como essa dinâmica faz sentido, especialmente quando se observa os personagens jovens na narrativa de Round 6.
Pontos Fracos do Roteiro
Entre os problemas mais evidentes estão as repetições de erros que não fazem sentido dentro da lógica da história. Gi-hun, por exemplo, demonstra ser menos preparado do que deveria, mesmo depois de três anos investigando a organização. Além disso, o uso de espiões infiltrados em ambos os lados, tanto entre os jogadores quanto entre os organizadores, acaba deixando o enredo mais previsível, sem causar o impacto esperado. Essa parte poderia ter sido mais bem explorada, mas fica evidente que a criatividade não foi o ponto forte ao tentarem replicar uma dinâmica da temporada anterior.
Na primeira temporada, Oh Il-nam (Oh Young-soo), o jogador 001, revelou-se um antagonista surpreendente, o que manteve o público intrigado. Agora, no entanto, a identidade do traidor é facilmente perceptível desde o início, o que pode reduzir o envolvimento e o interesse do espectador. Na nova temporada, o personagem é interpretado pelo ator Lee Byung-hun, como Hwang In-ho. Você provavelmente o conhece dos filmes da franquia G.I. Joe, no papel de Storm Shadow.
Outro ponto que chama a atenção é a duração dos episódios. Com mais de uma hora cada, a série às vezes se perde em cenas arrastadas, o que pode diminuir o ritmo da história. Apesar disso, ainda há momentos que seguram a atenção do público, especialmente nas cenas que remetem à tensão psicológica que marcou a primeira temporada.
Conclusão: Vale a Pena Assistir?
Mesmo com suas falhas, a segunda temporada de Round 6 consegue manter o interesse de quem gostou da primeira. A brutalidade dos jogos, os dilemas morais e a tensão entre os participantes continuam presentes, mesmo que de forma menos intensa. Para quem já investiu tempo na série, esta continuação é essencial para acompanhar os rumos da história, principalmente com a promessa de uma temporada final em junho de 2025.
A série está longe de ser perfeita, mas ainda entrega o que se propõe: um retrato perturbador de até onde as pessoas podem ir por dinheiro ou sobrevivência.
Você pode assistir às duas primeiras temporadas de Round 6 na plataforma de streaming Netflix.