É difícil ficar impressionado quando você participava ativamente de sites de música dos anos 2000, como o finado Purevolume.com. Em Lost Records: Bloom & Rage, a DON’T NOD (ou Don’t Nod Entertainment) tentou revisitar o estilo que a consagrou em Life is Strange, lançado dez anos atrás, em 30 de janeiro de 2015. Agora, com Tape 1, seria sua nova redenção ao trazer um grupo de jovens garotas em um cenário que remete aos anos 90 americanos. O jogo é dividido em duas partes ou fitas: Fita 1 – Bloom, lançada em 18 de fevereiro, e Fita 2 – Rage, com lançamento em 15 de abril — esta última será gratuita para quem adquiriu a primeira parte do jogo.
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Ao final deste artigo, você poderá conferir o nome de todas as músicas e ouvi-las através do Spotify.
O título se desenrola em uma linha do tempo de vinte e sete anos, se passando em 1995 e 2022, dando margem para compreender os acontecimentos. Neste artigo, não irei aprofundar o enredo, pois o foco é comentar sobre a trilha sonora original do jogo. Como visto nos trailers exibidos em premières, como The Game Awards 2024, há uma forte influência de clássicos da música mundial.
Swann é a protagonista do jogo, que parte em uma jornada com suas amigas em busca de seus sonhos. Evidentemente, elas são confrontadas com problemas pessoais, como em outros jogos da desenvolvedora. Porém, há uma novidade: é o sonho delas terem uma banda formada por garotas talentosas, o que adiciona um novo elemento à trama. Em breve, publicarei minha análise completa sobre o jogo. Como a história também se passa em 2022, acredito que a escolha do ano tenha sido proposital, pois há diversas máscaras hospitalares ao longo do jogo, fazendo alusão ao caos global vivido naquele período.
Dito isso, a trilha sonora original do jogo conta com a participação de cinco artistas: Nora Kelly (Nora Kelly Band), Ruth Radelet, Nat Walker, Adam Miller e a dupla Milk & Bone — sendo esta última a mais presente, com cinco canções. As músicas tentam criar imersão e instigar o jogador a mergulhar na jornada do quarteto de amigas. Para quem já ouviu milhares de bandas e artistas solo, é difícil se impressionar hoje em dia. No entanto, apreciando cada faixa e a harmonia da sonoridade, as canções são relaxantes — algumas com letras melancólicas, é verdade, mas posso dizer que a nova geração irá gostar do resultado apresentado na trilha sonora do jogo.
A DON’T NOD buscou trilhas que exploram o sentimento das pessoas em relação a escolhas, afinal, essa aventura narrativa se baseia nas decisões tomadas ao longo do jogo. Ademais, em alguns momentos, parece que nossas decisões não fazem tanta diferença no desenrolar da trama, o que pode estar sendo reservado para Fita 2 (Rage). Assim espero.
Fica claro que há uma mensagem sobre relacionamentos abusivos na letra de See You in Hell, que dá as boas-vindas a quem está prestes a ouvir a trilha sonora. A música da Nora Kelly Band soa como um hino de vingança e “empoderamento” contra alguém que causou dano emocional, possivelmente um ex-namorado ou um homem que fez a narradora sofrer. Depois de See You in Hell, Dreamers traz um tom mais melancólico e sonhador, explorando a dualidade entre ambição e perda, com letras minimalistas e instigantes. Seu final transmite uma sensação de esperança, mas também de solidão.
Curiosamente, todas as músicas são interpretadas por vozes femininas, o que reforça a identidade sonora do jogo. A trilha sonora original de Lost Records: Bloom & Rage é atraente dentro do seu contexto. Não chega a ser inovadora, mas é memorável dentro da indústria. Em Liminal Spaces, por exemplo, percebe-se o uso de sintetizadores vocais secundários e camadas adicionais de vozes, criando uma transição entre o velho e o futuro, como se o ouvinte estivesse assistindo a um time-lapse de sua própria vida.
A trilha sonora original de Lost Records: Bloom & Rage Tape 1 é realmente boa?
Se me perguntarem se aprovo a escolha dos artistas e das faixas musicais, diria que a trilha pode dividir opiniões entre os jogadores. No meu entendimento, as escolhas musicais fazem sentido dentro da proposta do jogo. Mesmo que as ações do jogador, ao controlar os personagens e navegar por milhares de linhas de diálogo, tragam temas mais delicados, a trilha sonora acaba amenizando a carga emocional, tornando os momentos mais leves. Isso pode ser positivo, pois cria espaço para reflexões mais profundas sobre a vida.
Agora, aguardo a segunda parte, Rage, para definir meu conceito sobre a trilha sonora como um todo, analisando essas dez faixas em conjunto com as novas que devem ser lançadas em abril.
A trilha sonora de Lost Records: Bloom & Rage acerta em cheio na vibe de nostalgia e intensidade emocional. As músicas transitam entre raiva e vingança (See You in Hell) e uma melancolia quase sonhadora (Dreamers), capturando bem os altos e baixos das relações e descobertas pessoais. Em vez de apenas preencher o fundo, as músicas realmente dão vida ao jogo, combinando com a intensidade dos personagens e das situações.
Por fim, o título está disponível para Playstation 5, Xbox Series X|S e PC Windows via Steam.
Nomes das Faixas
O tempo total da trilha sonora é 46 minutos e 43 segundos.
See You in Hell – Nora Kelly Band (3:14)
Dreamers – Ruth Radelet, Nat Walker, Adam Miller (5:33)
The Wild Unknown – Ruth Radelet, Nat Walker, Adam Miller (5:22)
Liminal Spaces – Milk & Bone (7:24)
Velvet Cove – Milk & Bone (5:10)
Moonlight – Milk & Bone (2:56)
Riot – Milk & Bone (5:15)
The Abyss – Milk & Bone (5:18)
A Place Like Home – Ruth Radelet, Nat Walker, Adam Miller (3:17)
See You in Hell (versão Instrumental) – Nora Kelly Band (3:14).