O lançamento de Dragon Age: The Veilguard, o mais novo título da icônica franquia da Bioware, trouxe à tona um debate controverso entre fãs e críticos. Muitos argumentam que o jogo se afastou de suas raízes para agradar a uma audiência moderna, priorizando mudanças em questões de gênero e diversidade, mas sem o mesmo equilíbrio narrativo visto em títulos passados.
Esse tipo de crítica não é novo. Um exemplo semelhante foi visto em 2017, com o lançamento de Mass Effect: Andromeda. Na época, as queixas também giravam em torno de uma suposta superficialidade narrativa, design de personagens considerado “andrógeno demais” e diálogos que não mantinham a mesma profundidade da trilogia original. Em uma análise publicada no MeUGamer havia mencionado alguns desses detalhes dos personagens na jornada pela nova galáxia de Scott e Sara Ryder.
Uma Comparação Necessária
Tanto Mass Effect: Andromeda quanto The Veilguard são o quarto título de suas respectivas franquias. Ambos tentaram inovações em mecânicas e design, mas enfrentaram duras críticas por deixarem de lado elementos essenciais que definiram o sucesso dos jogos anteriores.
Os fãs veteranos de Dragon Age notaram grandes mudanças em The Veilguard:
- Narrativa menos profunda: A riqueza de enredos que marcava Origins e Inquisition parece ter se diluído em diálogos mais simples e menos impactantes.
- Mudanças no sistema de combate: Os companheiros de equipe agora são imortais, eliminando a necessidade de estratégias mais elaboradas.
- Conexão emocional enfraquecida: Os jogadores sentem menos vínculo com os personagens secundários, que anteriormente tinham personalidades vibrantes e histórias complexas.
Já em Mass Effect: Andromeda, vimos problemas semelhantes, como a falta de carisma dos personagens e uma narrativa que não alcançava a grandiosidade da trilogia original. Apesar disso, ambos os jogos apresentam combates mais dinâmicos, uma mudança que atrai novos jogadores, mas causa estranheza nos fãs de longa data.
As Críticas à “Audiência Moderna”
A Bioware sempre foi pioneira na inclusão de escolhas que permitem ao jogador moldar seus personagens de acordo com sua identidade de gênero e orientação sexual. Porém, em The Veilguard, há quem considere que a busca por diversidade foi “forçada” e que a narrativa perdeu naturalidade. Essa visão, no entanto, parece ignorar que a inclusão faz parte do DNA da Bioware desde o início.
A diferença, aqui, talvez esteja na execução. Enquanto títulos como Dragon Age: Origins e a trilogia de Mass Effect tratavam de diversidade de forma orgânica, The Veilguard parece adotar um tom mais explícito, que pode soar artificial para alguns jogadores.
Uma das cenas mais comentadas em canais de reacts no YouTube e plataformas como o X.com envolve uma conversa entre uma personagem e sua mãe sobre como gostaria de ser referenciada. Outra cena inusitada mostra outra personagem fazendo flexões como forma de pedir desculpas por um erro. Esses momentos, junto com a construção dos personagens e diálogos adaptados a um padrão específico, foram amplamente discutidos pelos jogadores.
Para muitos, essas escolhas trouxeram uma sensação de estranheza, especialmente para aqueles que não esperavam esse tipo de abordagem no jogo. No entanto, como mencionei anteriormente, parece que alguns esqueceram que a essência das franquias da Bioware sempre foi moldada pela liberdade criativa que a desenvolvedora aplica em suas próprias sagas.
O Impacto no Futuro da Bioware
Com o baixo desempenho comercial e críticas negativas recebidas por The Veilguard, somados ao histórico de reembolsos, a Bioware enfrenta um momento crítico. A Electronic Arts, conhecida por priorizar lucros e ações de mercado, pode pressionar o estúdio a reformular sua abordagem ou, no pior cenário, decidir pelo fechamento ou venda do estúdio. Apesar dos constantes rumores de que a gigante americana possa ser comprada por alguma BIG Tech — o mais recente envolvendo a Tencent —, sabemos que a ‘It’s in the game’ sempre consegue superar suas adversidades e se reerguer. Até que algo seja oficialmente confirmado, tratam-se apenas de rumores!
Além disso, o futuro da franquia Mass Effect segue envolto em incertezas. Rumores indicam que o próximo título pode chegar entre 2025 e 2027. Contudo, sem mudanças substanciais, a Bioware corre o risco de repetir os erros de The Veilguard e Andromeda. Em tempos em que gigantes como Rockstar Games estará lançará seu próximo sucesso como GTA 6, a Bioware precisará se reinventar para competir em um mercado saturado.
Uma Reflexão Necessária
Apesar dos problemas, o jogo ainda tem méritos. Seu combate intuitivo e a tentativa de trazer novos jogadores para a franquia são pontos positivos. Contudo, é crucial que a Bioware encontre um equilíbrio entre inovação e tradição.
Se a empresa conseguir alinhar as expectativas dos fãs veteranos e as demandas de novos jogadores, ainda há esperança de revitalizar suas franquias e reconquistar o prestígio que marcou sua história. Para aqueles que ainda não jogaram The Veilguard, vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões, sem deixar de revisitar os títulos anteriores para entender as mudanças que ocorreram ao longo dos anos. A evolução da empresa será decisiva para o futuro dos RPGs de ação.
Oficialmente, o título foi lançado em 31 de outubro de 2024 para console de Playstation 5, Xbox Series X|S e PC Windows via Steam, Epic Games Store e EA Play.
Perceba que a opinião está embasada nos fatos levantados pelos questionamentos dos usuários, sem explorar profundamente o enredo ou a essência de fantasia sombria que tornou o universo do jogo tão aclamado. Esse é um ponto a ser abordado em outro artigo, que pode analisar se houve competência no desenvolvimento após uma década.
Embora, alguns pontos-chave são essenciais para manter o interesse de muitos fãs, e os mencionados podem ser decisivos nesse aspecto. No cenário atual, até mesmo RPGs de franquias renomadas, como os da Capcom, Square Enix, FromSoftware e Bethesda, não conseguem trazer elementos únicos que se encontram nessas duas sagas criadas pela desenvolvedora canadense. Por isso, as cobranças e exigências de uma comunidade tão engajada na indústria dos games se tornam inevitáveis.
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