Engraçado como a crítica que conhecemos como especializada foi escolhida a dedo para desenvolver uma análise do filme live-action de Branca de Neve. A fórmula de fazer um longa-metragem baseado em uma das produções mais famosas da empresa, lançada ainda sob as mãos de Walt Disney em 1937, se repete. Talvez, há 88 anos, ninguém imaginasse que haveria esse impasse de divergências criativas e roteiros com viés ideológico.
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Dito isto, muitos sites não puderam ter acesso ao longa-metragem para criar suas primeiras impressões, o que diz muito sobre sua qualidade e escolhas na produção. O filme traz Rachel Zegler como Branca de Neve, Gal Gadot como a Rainha Má/Rainha Grimhilde, com direção de Marc Webb e roteiros de Greta Gerwig e Erin Cressida Wilson. Todos possuem trabalhos em obras, seja blockbusters ou produções que despertaram o olhar da crítica.
Não havia desculpa para que esse novo trabalho dos envolvidos fosse medíocre, pois entre os responsáveis está Gerwig, cineasta e roteirista multipremiada, vencedora de Melhor Roteiro Original (2023) por Barbie, Melhor Roteiro Adaptado (2019) por Adoráveis Mulheres e indicada a Melhor Diretora por Lady Bird (2017). Nada disso poderia ter dado errado, se não fossem as polêmicas envolvendo Zegler, cujas declarações pareciam ir diretamente contra os fãs de Branca de Neve.
Outro problema foi a decisão inicial de remover os anões e substituí-los por seres mágicos, devido às reclamações do ator Peter Dinklage, que interpretou Tyrion Lannister em Game of Thrones, sobre atores com nanismo receberem apenas papéis secundários. Isso criou um grande problema na época, gerando descontentamento entre outros colegas de profissão que esperavam ser escalados para essa releitura do clássico Branca de Neve e os Sete Anões.

O problema é que, mesmo selecionando críticos, isso foi insuficiente para salvar a obra das análises mais severas. Até portais mainstream como Collider, Screen Rant, BBC e The Telegraph não pouparam o filme de críticas contundentes. Esse desprezo pelo longa-metragem com refinamentos modernos ficou evidente no seu lançamento, em 20 de março de 2025. Engraçado que outra obra polêmica lançada no mesmo dia foi Assassin’s Creed Shadows, mas, no caso da indústria dos games, esse título recebeu uma nota positiva de 8/10 na minha crítica.
Falando em notas, no Metacritic, com quase 100 críticas, o live-action alcançou apenas 50/100 no agregador e, pela audiência, marcou 1,5/100 em mais de 700 avaliações até o fechamento deste artigo. Isso coloca um filme produzido pela Walt Disney Pictures entre as piores recepções da história. Devemos lembrar que a criadora do Mickey já lançou centenas de produções entre animações, filmes e live-actions inspirados em seus clássicos, o que torna essa situação ainda mais grave. O estúdio tentou reverter algumas decisões nas regravações para corrigir o curso, mas parece que não adiantou, apenas amenizou o que poderia ter sido ainda pior se mantivessem integralmente a ideia inicial.

Nos embates nas plataformas de vídeo, observamos argumentos “prolixos” tentando justificar o injustificável. Como mencionei no título, criticar algo que já nasceu ruim ou tentar defender essa imersão é tentar esconder os problemas da Disney, que costumava entregar algo mágico. Quando criança, ao saber que uma nova animação chegaria aos cinemas, sentíamos aquele encanto genuíno. Suas músicas e o contexto musical criavam uma experiência harmoniosa. Mesmo que Zegler tenha voz para cantar, precisei ouvir a canção Waiting On A Wish umas 10 vezes para sentir alguma inspiração, algo que Let It Go, de Frozen, consegue fazer instantaneamente desde os primeiros acordes.
Isso revela muito sobre o desfecho desse longa-metragem, que deveria trazer uma verdadeira vibração para aqueles que nunca vivenciaram o lançamento original de 1937. Ao longo das décadas, construiu-se uma cultura em torno de Branca de Neve e os Sete Anões. Embora seja uma produção inspirada nos contos míticos dos Irmãos Grimm, essa fábula sempre nos encantou. Até no jogo The Wolf Among Us, publicado pela Telltale Games em 2013, Branca de Neve é uma das personagens principais. Infelizmente, seu legado não foi respeitado nessa nova adaptação lançada pelo estúdio, que já foi considerado o maior em produzir contos de fadas.
Essa cinegrafia mostrou o quanto uma maçã podre pode contaminar outras boas, e nem mesmo o Espelho, espelho meu pode definir quem é a mais bonita. Cenas nostálgicas e figurinos que remetem ao clássico não são de todo mal. No entanto, o filme não consegue se aproximar do que fez a obra original conquistar uma admiração global e inspirar outras produções por sua ousadia à época.

Desejo que a empresa consiga retomar seus rumos, visto que nosso site sempre publica sobre séries, filmes, lançamentos e críticas de seus projetos. Se nunca assistiu ao clássico, aproveite que ele está disponível exclusivamente na plataforma de streaming do Disney+. Enquanto, o filme estiver em cartaz nos cinemas brasileiros, você consegue pesquisar uma sessão próximo de sua residência através do Ingresso.com.
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