Finalmente, o filme Until Dawn: Noite de Terror foi lançado, e o que todo amante de games espera é um filme fiel ao jogo. Dirigido por David F. Sandberg (Annabelle 2: A Criação do Mal, Shazam!), Until Dawn não é um prelúdio do jogo, mas sim uma história nova que foi ambientada no mesmo universo. Com isso, a adaptação cinematográfica do game lançado em 2015 traz novos personagens, diferentes elementos e situações; porém, acontecendo paralelamente ao jogo, quase como um multiverso de terror ocorrendo juntos.
Adentraremos um pouco mais no enredo deste longa-metragem para esclarecer os pontos da nossa crítica! Fique ciente: Until Dawn foi lançado exclusivamente para PlayStation 4. Posteriormente, recebeu uma versão remasterizada para PlayStation 5 e PC. Nosso site publicou uma crítica detalhada desse remaster, disponível nesta página.
Para os fãs do jogo original, o filme apresenta diversos easter eggs e homenagens, buscando capturar a essência da origem e explorar novas possibilidades narrativas e visuais, mantendo o horror de sobrevivência, elementos de slasher, uma comédia macabra e, como ponto principal, o psicológico. Por ser um universo totalmente novo, os personagens principais do game aparecem em referências visuais que dão pistas sobre cada um. O novo elenco é composto por Clover (Ella Rubin), Nina (Odessa A’zion), Abe (Belmont Cameli), Max (Michael Cimino) e Megan (Ji-young Yoo).
Eu acredito que vocês devem estar se perguntando se não seria mais fácil trazer os atores originais do jogo Until Dawn, já que isso poderia gerar um maior impacto. O problema é que filmes com essa temática são mais nichados, e, considerando que já se passaram dez anos desde o lançamento original do jogo, o período de desenvolvimento ultrapassa uma década. Muitos daqueles atores do passado, cujos cachês eram menores na época, hoje têm valores astronômicos. É o caso de Rami Malek, que, durante o desenvolvimento do jogo, atuava em papéis medianos, como A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 e Uma Noite no Museu, e se consagrou meses após o lançamento de Until Dawn com a série Mr. Robot.
Atualmente, os cachês de atores como ele podem ser tão altos que o investimento para trazê-los talvez não valha a pena. Isso não significa que não houve participações de personagens da franquia original nos jogos. Peter Stormare, como Dr. Hill, é o único que participou tanto no jogo quanto no filme. Sua atuação é totalmente diferente do que esperamos do jogo, mas mantém o ar enigmático, e acredito que ambos os personagens se encontram de certa forma. Para o grupo de amigos, eles conseguiram entregar o que era esperado, mostrando um dinamismo e química entre o grupo, sem apresentar algo superficial. Era possível ver a entrega que cada um fazia pelos seus personagens.
Esse filme live-action funciona como uma ponte: se alcançar uma bilheteria considerável, cobrindo os custos de produção e gerando lucro, uma continuação provavelmente será desenvolvida, já que a história deixa tudo em aberto.
Na trama, acompanhamos Clover interpretado por Ella Rubin (Anora), que, um ano após o misterioso desaparecimento da irmã Melanie, decide viajar por todos os locais onde ela esteve para tentar descobrir o que aconteceu. Até que, finalmente, acabam parando em uma casa isolada no vale, aguardando o temporal passar. E assim começa o pesadelo: presos e envolvidos em assassinatos brutais e renascimentos inexplicáveis, cada vez que morrem, acordam novamente no início da noite, conscientes do que aconteceu e com ferimentos correspondentes às mortes anteriores. A cada reinício, novas pistas surgem, mas também novos perigos, com ameaças e assassinos diferentes a cada rodada, tornando o clima cada vez mais tenso e imprevisível.
A ambientação foi bem trabalhada, trazendo uma identidade própria e brincando com o terror da atualidade, mas com um toque dos anos 80. Eles até tentaram trabalhar o pano de fundo para entregar essa essência. As cenas de morte foram muito bem executadas, trazendo à tona de forma nua e crua, como seria presenciar uma morte brutal, mas, ao mesmo tempo, cômicas pelo excesso de dramaticidade. A trilha sonora vem como o complemento equilibrado, acompanhando o ritmo de cada cena e tentando adentrar quem está assistindo na experiência, como se estivesse dentro da história. No quesito fotografia é complicado esperar muito em longas com essa temático.
Gamerdito (Veredito) Until Dawn: Noite de Terror
Aqui antes de finalizar, quero adicionar minha visão sobre os pontos negativos. Próximo ao final do filme, há um excesso em tentar explicar o porquê daquilo estar ocorrendo. É demonstrada a busca incessante do Dr. Hill para entender as causas, quebrando um pouco o suspense. Além disso, a sequência de mortes, que inicia de forma criativa, no final não serve de nada. Como a ideia do jogo é possibilitar ao jogador ditar as narrativas criando múltiplos desfechos, o filme simplesmente “fecha um ciclo”, talvez para agradar o público?
Pois toda a dinâmica da jornada criada nos jogos da Supermassive Games, que, por sinal, sabe trabalhar muito bem suas narrativas, é deixada de lado no live-action Until Dawn: Noite de Terror. Outras franquias do mesmo gênero, como The Dark Pictures Anthology e The Quarry, exemplificam bem essa habilidade narrativa. No entanto, o filme opta por entregar uma trama clichê, sem novidades, semelhante a outros filmes já vistos por aí.
Para quem nunca jogou Until Dawn e assiste ao filme com um olhar ‘leigo‘, a produção cumpre o prometido: entrega doses generosas de carnificina, tensão e mistério, garantindo uma experiência envolvente. Agora, para os fãs dedicados da saga, o filme pode decepcionar. A narrativa, embora fiel em partes, deixa aquela sensação de ‘era isso que eu imaginava? ‘ —; faltando a profundidade e o impacto que o jogo original proporciona.
Com essa proposta minha avaliação final é uma nota 2,5/5. O filme estreou oficialmente nos cinemas brasileiros em 24 de abril de 2025.