O filme Mufasa: O Rei Leão, com estreia no dia 19 de dezembro de 2024, apresenta a emocionante jornada de Mufasa, um filhote órfão que, ao lado de Taka (futuro Scar), enfrentará desafios que moldarão seu destino como o verdadeiro rei da savana. O pequeno, cujos pais, Afia (Anika Noni Rose) e Masego (Keith David), são apresentados brevemente, sofre com uma enchente que os separa para sempre, deixando Mufasa perdido e seus pais desesperados.
A franquia Rei Leão possui um grande fator nostalgia em minha vida, considerando que foi o primeiro filme que assisti no cinema, em companhia do meu pai e meu irmão, que na época tinha apenas 3 anos. Este ano, para comemorar os 30 anos da franquia, tivemos o início do legado do rei dos reis.
O longa-metragem dirigido por Barry Jenkins, conhecido por obras premiadas como Moonlight e Se a Rua Beale Falasse, traz uma abordagem original e envolve o universo de O Rei Leão. Desta vez, a narrativa explora as origens de personagens icônicos, com destaque para a transformação de Taka em Scar e a trajetória de Mufasa, revelando como ele se tornou o líder respeitado de toda a savana. Na versão brasileira, a dublagem conta com os atores Pedro Caetano como Mufasa, Hipolyto como Taka, Luci Salutes como Sarabi e Eduardo Silva como Rafiki.
O elenco original conta com Aaron Pierre como Mufasa, Kelvin Harrison Jr. como Taka, Tiffany Boone como Sarabi, Kagiso Lediga como jovem Rafiki, Preston Nyman como Zazu, Mads Mikkelsen como Kiros, Thandiwe Newton como Eshe e Lennie James como Obasi.
O Início da Jornada: Mufasa e Taka
O filme apresenta Mufasa como um filhote órfão, resgatado e criado entre as leoas. Eshe, mãe de Taka, tem um papel fundamental nessa fase, acolhendo Mufasa e proporcionando um senso de pertencimento, mesmo em meio às dificuldades. Eshe, que é uma das leoas mais marcantes da trama, representa força e proteção, sendo crucial na formação de Mufasa.
Desde o início, Obasi, pai de Taka, percebe o diferencial em Mufasa, uma característica que o destacaria como futuro líder. Mesmo assim, Mufasa enfrenta desafios para se provar digno de confiança. Criado entre as leoas, Mufasa desenvolve uma habilidade única: um olfato extremamente apurado, que se torna uma vantagem para rastrear presas e inimigos à distância.
Taka, por outro lado, é apresentado como o herdeiro legítimo da linhagem real. No entanto, eventos trágicos unem Mufasa e Taka, criando uma dinâmica que eventualmente culminará na transformação de Taka em Scar. A história revela de forma crucial como ele ganha sua cicatriz e adota o nome que simboliza seu ressentimento e queda.
A Chegada dos Leões Brancos e o Desequilíbrio
Um dos pontos mais simbólicos do filme é a chegada dos leões brancos, liderados por Kiros, líder tirano, que representa uma ameaça à ordem natural da savana. Em um diálogo revelador entre Kiros e Obasi, fica claro que os leões brancos simbolizam uma força externa, refletindo o impacto histórico das colonizações no continente africano. Kiros declara que “não há mais regras”, evidenciando o desequilíbrio causado por sua chegada.
A narrativa explora como essa situação afeta os leões e a dinâmica da savana, abordando temas mais profundos de maneira sutil, mas intenso. Enquanto isso, a busca de Kiros por vingança – motivada pela perda de seu filho – adiciona um elemento de tensão constante. Acreditando que Mufasa é o responsável pela morte de seu herdeiro, Kiros decide caçá-lo, levando a uma série de confrontos e momentos de fuga.
Personagens Marcantes e Nostalgia
Além de Mufasa e Taka, o filme traz personagens conhecidos que complementam a narrativa de forma inteligente. Rafiki, o sábio mandril, tem um papel importante, tanto em sua versão mais jovem quanto na fase em que conta a história para Kiara, filha de Simba. A trajetória de Rafiki, desde sua juventude até se tornar o sábio respeitado, é explorada de maneira interessante, agregando profundidade ao personagem.
Timon e Pumba aparecem em cenas hilárias, com piadas leves que resgatam o humor característico da franquia. Embora suas participações sejam breves, elas trazem um alívio cômico essencial e remetem à nostalgia da animação original. Zazu também ganha mais destaque, com cenas adicionais que mostram sua importância como mordomo chefe.
O filme equilibra esses elementos clássicos com novidades, entregando uma narrativa respeitosa e original. Mesmo com as referências à animação de 1994, Mufasa: O Rei Leão não é uma simples cópia, oferecendo uma história que se destaca por si só.
A Construção do Herói: Mufasa
A jornada de Mufasa é marcada por desafios que testam sua força, coragem e nobreza. Criado entre as leoas, ele aprende a importância do trabalho em equipe e da união para enfrentar adversidades. O filme mostra que ser um rei vai além do poder físico: é sobre ajudar os outros, ser justo e inspirar confiança.
O confronto final entre Mufasa e Kiros é um dos momentos mais emocionantes do filme. Mesmo sendo jovem e inexperiente, Mufasa demonstra sua coragem ao enfrentar um leão mais velho e experiente. A cena é construída com inteligência, mostrando que a força de Mufasa vem de sua determinação e de sua capacidade de unir os outros em torno de um objetivo comum. Apesar da desvantagem, a prepotência de um rei arrogante o leva ao fracasso, e o jovem leão soube explorar isso a seu favor.
Visual e Trilha Sonora
O CGI é um dos pontos fortes do filme. As animações são realistas, com detalhes melhorados em relação ao live-action de O Rei Leão de 2019, nos movimentos dos animais e nas paisagens da savana. A fotografia é belíssima, com cores vivas que ressaltam a grandiosidade do cenário africano. Cenários inéditos, como o Monte Quilimanjaro (segundo minha dedução), são apresentados no longa, que possui inspiração no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Seria o local mais plausível com neve naquela região onde os leões poderiam adentrar.
A trilha sonora, como é tradição nos filmes da Disney, tem grande destaque. Ademais algumas músicas na versão dublada não casem perfeitamente, no geral, a trilha sonora complementa bem a narrativa, com momentos que fazem você se emocionar e músicas marcantes que ajudam a contar a história. Algumas trilhas são recicladas para trazer a nostalgia de reviver o original dos anos 90.
Esse trabalho ficou por conta do compositor Lin-Manuel Miranda, que trabalhou em outros projetos com a Walt Disney Studios em animações como Moana – Um Mar de Aventuras, Encanto, A Pequena Sereia, entre outras. A responsabilidade é grande, e títulos na trilha original, como “Bye Bye”, confesso que gostei, trazendo uma carga dramática em uma das cenas mais chocantes do longa. Caso esteja interessado em ouvir toda trilha sonora, estou adicionando o link para o Spotify, assim sendo, você conseguirá ouvir na íntegra!
Uma observação que faço para amenizar a carga dramática é que diálogos importantes para o avanço da trama são inseridos nas canções, fazendo com que, em partes, o filme se torne um musical. Isso é até característico, mas, se o espectador não estiver prestando atenção por completo, poderá perder elementos importantes.
Mas antes de finalizar, preciso fazer uma menção a Sarabi. Ela é um divisor de atos no filme, sempre objetiva como a conhecemos na saga. Aqui, ela desempenha um papel importante que pode selar, ou não, a amizade entre os jovens leões. Destemida como sempre, Sarabi consegue unir todo o grupo e ainda pensar em soluções para garantir a segurança de todos. Compreendo que o foco era a construção de um rei, e sabemos que ela também foi alvo do bando dos leões brancos, conseguindo escapar com vida. Contudo, a cena pareceu uma repetição do reencontro entre Simba e Nala no primeiro filme da franquia.
Veredito: Um Filme Familiar, inspirador e profundo
Mufasa: O Rei Leão é uma obra para ser assistido mais de uma vez, trazendo uma história rica em simbolismos e mensagens poderosas. A jornada de Mufasa mostra que ser um verdadeiro rei não é sobre dominar, mas sobre unir e inspirar. O filme também explora a complexidade de Taka (Scar), oferecendo uma visão mais profunda de suas origens e de como ele se tornou o antagonista que conhecemos.
Sobre as escolhas do leão legítimo ao trono, o que aconteceu entre eles talvez não fosse suficiente para justificar toda a revolta. Não quero dar spoilers, mas, trazendo para a nossa vida real, alguns poderiam dizer que foi como se ele tivesse sido apunhalado pelas costas, mesmo que de forma indireta. Isso certamente geraria uma inimizade eterna.
O problema é que o momento final não condiz muito com a vingança ou a chamada “inveja” do irmão, agora marcado no rosto para sempre. Seria necessário um pouco mais de rancor para dar peso à narrativa, e talvez isso possa ser melhor explorado em uma possível continuação. Além disso, vale lembrar que o próprio Mufasa ainda é um leão jovem, começando a assumir a responsabilidade de governar a Pedra do Reino.
Com personagens marcantes, uma narrativa atrativa e efeitos visuais caprichados, Mufasa: O Rei Leão é um filme que agradará tanto os fãs da franquia quanto novos espectadores. Quanto aos pequenos, os diálogos não são tão simplificados para crianças, mas, pelo atrativo dos bichanos, elas devem ficar vidradas olhando para a telona.
Finalizo essa crítica com uma nota de 3,5/5, destacando o conceito de respeito e a forma como exibiram a grandiosidade e a admiração que todos os animais tinham pelo pai de Simba.
Milele é finalmente uma realidade para todos os leões que procuraram um local onde os animais viveriam em harmonia, sem medo do que há no Cemitério de Elefantes e das hienas famintas!
Onde assistir:
Lembrando que, quando o longa sair dos cinemas, ele estará disponível oficialmente na plataforma de streaming Disney Plus.