Crítica Coringa: Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux)

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O filme original, de 2019, foi impactante. Longe da imagem de filme leve e de ação que os filmes da Marvel nos remetem, Coringa é um filme mais pesado, 18+, forte. E talvez por isso mesmo, chamou a atenção de todos. Faturando mais de um bilhão de dólares, foi um verdadeiro marco e um dos maiores sucessos de filmes com essa restrição etária. Um fato que esse filme mostrou é que o Coringa é um personagem forte e complexo, que consegue ser o astro de um filme sem precisar do Batman. Poucos antagonistas do universo de super-heróis podem dizer o mesmo.

Esse filme foi uma grata surpresa ao estúdio, pois tendo custado somente 55 milhões, mostrou ser extremamente lucrativo. Era certo então que teríamos uma continuação. Outra coisa que esse Coringa provou aos estúdios é que nem todo filme de herói tem que estar conectado aos outros. Pode ser que essa fórmula de universo compartilhado da Marvel é que esteja cansando. Enquanto a Warner Bros. Discovery ainda não consegue acertar seu multiverso nos filmes da DC, os longas independentes continuam mantendo seu legado vivo. O mais recente é a série de outro vilão do universo da DC, Pinguim.

Essa continuação nos traz Joaquin Phoenix num Coringa abatido, já na prisão, uma pálida sombra do vigor que o mesmo Coringa se mostrava em liberdade.

Ridicularizado pelos guardas da prisão, imerso em si, Arthur Fleck, o homem que conhecemos como o Coringa no filme anterior, ganha uma chama interior novamente ao conhecer a Harley Quinn ‘Arlequina’ (Lady Gaga), outra detenta. Ela se mostra apaixonada pelo Coringa e isso faz renascer o Coringa dentro de Arthur.

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Assim como esse Coringa é mais maduro que o Batman normalmente visto em outros filmes, aqui temos uma Harley Quinn mais madura que a mostrada no filme Esquadrão Suicida interpretada por Margot Robbie. Lady Gaga nos entrega uma Harley Quinn madura, perturbada, apaixonada e obcecada pelo Coringa. Outrora conhecida apenas por ser uma boa cantora, desde Nasce uma Estrela (2018) Lady Gaga provou seu talento como atriz. E esse papel denso de Harley Quinn, ou Lee Quinn aqui, nos mostra uma faceta bem diferente da personagem mostrada pela Margot. Eu diria que ela é um dos pontos fortes desse filme.

Ademais, esse novo filme é bem divisivo. No festival de Veneza, ele foi aclamado como o melhor filme de 2024. Mas houve quem odiou e houve quem amou. Eu diria que o diretor Todd Philipps foi bem ousado. Tradicionalmente musicais são coloridos, alegres, com uma boa vibe. No entanto, o filme tem várias cenas onde os protagonistas cantam. Mas, nem de longe, Coringa: Delírio a Dois é um filme colorido e leve. O choque de expectativas incomoda, agride. E talvez tenha sido essa a intenção do diretor.

É como sorvete de bacon: inusitado e ousado, tem gente que gosta, tem gente que odeia, tem gente que não quer nem pensar em experimentar. O único consenso é que não é um sabor para todos os paladares. A própria abertura do filme, em forma de animação, já nos dá uma ideia dessa combinação incômoda.

Como um louco pensa? Como um louco vê o mundo? Como um louco sente o mundo? Com a ousadia de tentar responder essas perguntas, Todd usa o linguajar do musical para nos levar dentro da mente de um dos maiores loucos dos quadrinhos, o insano Coringa. Sendo um dos maiores inimigos do Batman, Coringa muitas vezes foi mostrado simplesmente como um louco, um mero psicopata. Mas existem muitas camadas nesse personagem complexo. Desde a grande obra dos quadrinhos Batman: A Piada Mortal (1988), que nos entregou essa visão mais complexa do Coringa, nunca mais o personagem pôde ser visto apenas como um louco excêntrico vestido com seu terno de cores berrantes.

O Coringa magistralmente interpretado por Heath Ledger em Batman Cavaleiro das Trevas(2008) é o que mais se aproxima deste Coringa de Phoenix. A diferença é que aqui vemos o lado de dentro. E nem sempre queremos ver o lado de dentro. Corremos o risco de nos identificar…

Outro ponto levantado por esse filme é a idolatria de alguns por certos criminosos. Temos vários exemplos disso no mundo real, de Charles Manson ao Maníaco do Parque aqui no Brasil, parece que alguns psicopatas conseguem ser carismáticos e atrair fãs, mesmo sendo criminosos de alta periculosidade. Querendo ou não, parece que esse tipo de criminoso fascina e seduz uma parcela da população. Será que dar extrema visibilidade na mídia a esses psicopatas piora a sociedade? Será que incentiva potenciais psicopatas a exercerem esse potencial? Ou não?

Essa nova continuação tem um custo estimado de 200 milhões de dólares, custo igual ao sucesso indiscutível de Deadpool e Wolverine, que já faturou mais de 1.3 bilhão em 2024, se tornando a segunda maior bilheteria do ano, ficando atrás apenas de Divertida Mente 2, com seus incríveis 1.7 bilhão. O senhor Phoenix faturou 20 milhões com esse filme, e Lady Gaga, 12 milhões. Sendo que não estão incluídos aqui possíveis ganhos com o faturamento desse filme nas bilheterias por parte dos dois.

Veredito (Gamerdito)


Com seu lançamento mundial definido em 3 de outubro de 2024, ainda é cedo para dizer se ´Coringa: Delírio a Dois´ vai fazer sucesso ou não. Contudo, arrisco dizer que dificilmente esse Coringa 2 chegará perto da bilheteria de Deadpool & Wolverine. Os dois tiveram o mesmo custo, e ambos são filmes de super-herói para maiores. E nos dois a violência é uma constante. Mas as semelhanças terminam aí. Enquanto Deadpool é um filme leve, que esculacha tudo e todos, Coringa 2 é um filme denso, pesado, reflexivo, cuja adição ousada do elemento musical causa um certo incômodo.

Meu palpite é que esse filme se pagará, não dará prejuízo, mas não chegará nem mesmo ao faturamento do primeiro filme. Até mesmo porque o primeiro filme é pré-pandemia, e o mercado de filmes mudou.

Como impressões finais, eu diria que Coringa: Delírio a Dois é um filme que vale a pena ser assistido. Mas por ser denso e com um linguajar cinematográfico ousado, não é um filme para todos. Há quem vai odiar, há quem vai gostar.

É importante ressaltar que relembrar o primeiro filme do Coringa pode enriquecer sua experiência ao assistir à continuação. Embora não seja obrigatório, ajuda bastante na compreensão de certos elementos. Finalizo esta análise com uma nota crítica de 2.5/5. Futuramente, o longa estará disponível nas plataformas digitais da Max após o fim de sua exibição nos cinemas. Recomendo que assistam nos cinemas mais próximos de sua residência, pois nada substitui as grandes telas da sétima arte!

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