Já faz um tempo que o nicho do terror sobrevive e floresce no mercado, geralmente baseado no baixíssimo custo. Podem render pouco, mas como em geral custam pouco mais que uma coxinha e uma “tubaína“, o lucro é quase certo.
O problema é que com isso, qualidade não é exatamente algo fácil de se encontrar. A tática dos estúdios que se dedicam a esse nicho é produzir uma penca de filmes de baixíssimo orçamento. Todos em geral acabam se pagando. Aí, se um ou outro estoura, é certo a continuação e o início de mais uma franquia.
Esse A Primeira Profecia segue a cartilha básica: atores principais desconhecidos — no quesito de protagonismo, exceto pelos veteranos Charles Dance e Bill Nighy, baixíssimo orçamento (trinta milhões de dólares), marketing quase zero, roteiro simples e “jumping scares” para remendar tudo. Jumping Scare, o que é isso? São aqueles sustos abruptos que aparecem do nada, muitas vezes forçados.
Nesse filme, com um orçamento maior do que a média para o gênero, conseguiu um ou outro ator conhecido fazendo uma ponta. Aqui temos o Charle Dance fazendo um padre, o eteno patriarca Lannister de Game of Thrones, além de Sônia Braga fazendo uma freira.
Além disso, ele tenta retomar uma franquia de sucesso razoável no meio, A Profecia.
O original de 76 custou 2,8 milhões e arrecadou 60 milhões, tornando-se assim um grande sucesso. A franquia teve um total de quatro filmes até então, sendo esse novo filme o quinto da saga.
Margaret (Nell Tiger Free) é uma órfã americana levada para Roma para ser ordenada freira. No convento, que mantém também um orfanato, ela conhece Carla, uma órfã problemática, que vive meio isolada das outras….
Esse novo capítulo da franquia dá um claro protagonismo feminino. Mesmo situando-se na década de 70, ele confere uma identidade mais contemporânea ao filme, sem ser panfletário e ideológico, quase uma regra na maioria dos filmes atuais. O roteiro não é perfeito; contudo, há algumas forçadas nele. Mesmo assim, vale a pena ser visto. A 20th Century Studios resolveu apostar em membros da indústria que estão começando ou podem trazer relevância para esse gênero. O roteiro foi entregue a Tim Smith, enquanto a direção é de Arkasha Stevenson, que possui alguns trabalhos, embora nenhum aclamado pela crítica. No entanto, sua direção não comprometeu esta obra.
O exagero em A Primeira Profecia
O longa tem um roteiro coerente, surpreendente até, mas com um número excessivo de jump scare. Ele honra o espírito da franquia, e agradará os fãs da mesma. Mas não espere nenhuma obra-prima ou grande inovação na área. Apenas o feijão com arroz. Muito embora, diante da mediocridade geral dos filmes de terror, somente isso já o torna um pouco acima dos seus concorrentes atuais. Com uma abertura de dezessete milhões para um orçamento total de trinta, tenho certeza de futuras continuações caso esse filme tenha um desempenho aceitável.
Finalizo essa análise com uma nota crítica de 3,0/5.
A Primeira Profecia estreou nos cinemas brasileiros em 4 de abril de 2024. Após sair das telonas, estará disponível em plataformas digitais e no serviço de streaming do Star Plus.
Agradecemos à 20th Search Studios pelo convite, permitindo esta crítica de “A Primeira Profecia (The First Omen)” no site do MeUGamer.